"Cada história minha tem 200 histórias", avisa Milton Nascimento. É verdade. Ele pensou em ser economista, virou cantor, mas poderia ser contista. Descreve episódios em detalhes, como se escrevesse um roteiro mentalmente. Conta que tem três paixões: música, cinema e astronomia. É possível ver um telescópio na entrada de sua casa, no Rio de Janeiro, de onde se pode avistar parte da floresta da Tijuca. Não pode faltar montanha na vida desse carioca de nascimento que aos 2 anos foi para Três Pontas, em Minas Gerais. O menino descobriu a música ainda pequeno, tocando na noite de Belo Horizonte.
Queria ser só cantor, mas foi convencido a compor depois de sair com o amigo Márcio Borges para assistir a Jules and Jim (1962), de François Truffaut. “Entramos às 2 e saímos às 10 da noite”, lembra Milton. “Nessa noite, fizemos três músicas (Novena, Gira Girou e Crença). A partir desse dia comecei a fazer música. Eu não queria que fosse parecido com nada que já existia.” Assim, ele ganhou o mundo, após a explosão do Clube da Esquina, no início dos anos 1970. Quase largou a música, mas foi salvo por um menino que conheceu naquele que poderia ter sido o último show de sua vida. Os “baixinhos”, como ele diz, são parte permanente de sua história. Como o pequeno Benke, que Milton conheceu nas andanças pela Amazônia.
Em outro ambiente da casa, tambores, gramofone, um quadro de Portinari mostrando o corpo de Tiradentes, um poema sobre a Praça da Liberdade, em Belo Horizonte. Na mesa, uma agenda Beatles 2010. Um piano, com várias fotos em cima: pai, mãe, irmãos. Dois bonecos em miniatura: Milton e uma outra pessoa, que em vez de dizer o nome é melhor ouvir, ou ler, a passagem a seguir, ocorrida no início dos anos 1960 na casa de uma cantora da época, chamada Luiza:
“Cheguei lá e fiquei maluco no meio daquele pessoal todo da Bossa Nova. Deu um lance de felicidade assim... Aí eu tô olhando assim as pessoas, tinha uma figurinha sentada num canto da sala, eu pensei: ‘Conheço essa mulher’. Pelo fato de ter sido DJ da rádio de Três Pontas, eu conhecia um disco que essa figura tinha gravado. Na rua, fui atrás dessa figura, que tinha cantado um disco de rock. Comecei a cantar, ela disse: ‘Cala a boca, esquece isso!’ Não precisa dizer quem é, né?”, diz Milton. “Eu peguei, calei minha boca e tal.”
Para quem ainda não adivinhou, a segunda parte da história, passada anos depois, durante o segundo festival de música da TV Excelsior, que ela já havia vencido em 1965. “No dia do encerramento do festival, eu estava saindo, ouvi um barulho de uma pessoa vindo, passei com minhas vergonhas, abaixei a cabeça, passei por ela e de repente ouvi um barulho de tamanco. Ela disse: ‘Mineiro não tem educação, não?’”
Na sequência da bronca, um convite: “‘Eu quero que você vá na minha casa para mostrar umas músicas suas. Principalmente aquela que você cantou lá no Rio, na casa da Luiza’. E começou a cantar. Ela só tinha ouvido uma vez, e foram vários anos. Olhei pra ela assim, ela disse: ‘Memória, meu caro’. Aquele barulho do tamanco nunca vou esquecer na minha vida”.
É dessa maneira afetuosa que Milton lembra de sua amiga Elis Regina. E vai lembrando de outras pessoas que passaram e ficaram em sua vida, entre trens e estações.
Você teve algumas descobertas, América Latina, África, Amazônia... De que forma foi conhecendo esses outros mundos?
Vamos começar pela América Latina. Fiz a música San Vicente para a peça de um escritor chamado José Vicente, para mim um dos melhores, mas que de repente desapareceu. Foi muito perseguido também. Ele fez uma peça, tinha ali a Norma Bengell, e me chamaram para fazer a música. A peça se passava numa cidade latino-americana chamada San Vicente, mas na verdade era passada aqui no Brasil. Não tinha o nome do país. Foi uma peça muito bonita, muito forte, e aí gravamos no Clube da Esquina (1972) e aconteceu que essa música se espalhou por vários países latinos numa época em que o Brasil não tinha nenhuma...
Parecia que nem era da América Latina...
É, justamente. Eu comecei a receber várias cartas, de vários países, de músicos, poetas. Foi despertando uma vontade de saber quem eu era... Aí aconteceu o seguinte: fui à PUC, tinha um show do (Jards) Macalé. Antes do Macalé cantar, tinha um grupo do Chile – o pessoal tinha 16, 17 anos – que fez a abertura, e eu fiquei maluco. Eu disse: não posso ficar longe desse pessoal. Logo depois do show, eles estavam na minha casa.
Era o Água?
Grupo Água. Era uma época muito forte assim de eu conhecer o que acontecia no restante da América Latina e eles também conhecerem o que se passava no Brasil. Por causa deles, eu conheci muita coisa da Violeta Parra, Atahualpa Yupanqui... Aí veio Chile, Uruguai, todos os outros países.
É verdade que você ficou com medo da Mercedes Sosa, que o Vinicius de Moraes teve de levar você lá?
Fiquei vendo o show dela, ela parecia uma mulher da altura do Corcovado, grande, alta, forte. Quando acabou, o Vinicius disse: “Vamos lá conversar com ela”. Eu disse: “Não vou, não. Estou com medo dela. Estou com medo mesmo. Ela é muito forte, não sei se eu aguento encarar essa mulher”. Ele disse para eu deixar de ser bobo. Pegou minha mão, atravessamos o teatro. Ele segurando minha mão como se eu fosse um bebê, e eu morrendo de medo. Quando chegamos no camarim, ela estava de costas, virou e disse: “Milton!” Aí entramos, conversamos... Eu estava louco pra fazer, apesar do medo, uma participação dela no disco Geraes. Depois que fiquei mais calmo, eu disse: “Mercedes, eu queria que você cantasse comigo no meu disco”. Ela respondeu: “Olha, eu não vou poder cantar, porque eu só canto em espanhol”. E eu: “Mas é em espanhol” Ela: “Pois é, mas acontece que a minha gravadora não vai deixar”. E eu: “Mas, Mercedes, a sua gravadora é a mesma que a minha”. Ela foi tentando escapar. Tudo que ela falava, eu tinha uma resposta na boca.
O repórter fotográfico Rodrigo Queiroz não resiste e comenta: “Ela estava com medo”. (Gargalhadas)
Aí gravou, né?
A última coisa que ela disse foi que ela só poderia cantar com o guitarrista dela. Eu falei: “Tá, você leva o seu guitarrista e eu levo o meu, um chileno do grupo Água”. E ela: “Ai, meu Deus, e a música?” Volver a los 17. “Então, tá” (risos). Mas acho que tinha medo dos dois lados, sabe? Foi um negócio muito bonito, porque a gente foi pro estúdio e deu uma passada. Na outra, a gente já estava gravando. Foi a primeira vez que eu cantei com uma pessoa da América Latina, e logo Mercedes Sosa.
Em 2010, no show de 1º de Maio da CUT, em São Paulo, você fez uma homenagem a ela no Memorial da América Latina (Mercedes morreu em outubro de 2009).
A gente gravou muita coisa, né? Fizemos muitos shows juntos... Tem um caso que é até muito engraçado. Tinha um índio que era fã da Mercedes. Onde ela ia, ele ia. Aí combinamos de fazer um show na Espanha. O índio foi. Quando vi o índio, perguntei como ele estava. “Tô mal, não sei como estou me aguentando em pé. A Mercedes veio a 200 por hora, nunca mais ando com ela de carro.” Aí, lembrei que me falaram que ela saía de Buenos Aires e ia pra terra dela, Tucumán, e todo mundo dizia na estrada: “La Negra...” (como Mercedes era conhecida), morrendo de medo. Se você visse a cara do índio, ele estava verde... Teve um lance que ela ligou pra mim e disse que queria gravar comigo Nos Bailes da Vida, mas tinha de ser naquele dia, porque ela ia viajar. No estúdio, tinha um cara tocando piano... Era uma música que eu nunca tinha ouvido na vida (Inconsciente Coletivo). Eu falei que ela tinha dito que era Nos Bailes da Vida, ela disse que não... Anotei a letra, a gente fez um arranjo na hora, e foi de primeira também. Aí eu falei que tinha ficado bonito. E ela: “Eu não te disse?” Eu tinha que ter medo dela, né?
Tudo de primeira.
Teve uma época em que o Fito Paez me chamou para fazer um programa dele na televisão, lá na Argentina. Ele iria cantar umas músicas minhas e me dar umas dele para eu cantar. Fui pro hotel, e nunca chegavam as músicas do Fito. Fui ficando meio nervoso. No dia que a gente ia ensaiar, ele apareceu no hotel e trouxe umas músicas: “Nós vamos cantar estas aqui”. Sempre acontece comigo. Eu disse: “Como é que você faz uma coisa dessas? Você tem as minhas músicas com um mês de antecedência, e traz as suas agora. Como é que eu vou decorar isso?” Ele disse assim: “Tem uma história aqui na Argentina...” A Mercedes chegou lá e contou pra Deus e o mundo que a gente fez a gravação de uma música que eu nunca tinha ouvido falar (risos).
Isso não aconteceu também no começo da carreira, quando te chamaram pra tocar com o Vinicius?
Eu estava tocando numa boate lá em Belo Horizonte. Era um trio – eu, Wagner Tiso no piano e Paulinho Batera, como a gente chamava (Paulo Braga). E tinha um outro trio que ia tocar com o Vinicius. Foram me chamar na pensão porque não ia dar tempo para eles tocarem. Aí tudo bem, Vinicius de Moraes eu sabia até as músicas que ele ainda não tinha feito. Ele e Tom Jobim, eu era absurdamente fanático.
Você não ficou com medo dele?
Nem um pouco! Uma hora, ele falou que haviam dito a ele que Minas Gerais tem muitos músicos, compositores... “Tem alguém aí que compõe, que tem uma música pra cantar pra gente”? Os estudantes, que me conheciam, responderam: “Ele!” Parecia um filme do Spielberg, com as mãos assim, né? Foi a única vez que eu cantei, antes desse último disco nosso agora, E a Gente Sonhando. Fiz música e letra. Eu trabalhava num escritório, e tinha hora que me dava um negócio e eu pegava a máquina e escrevia...
Você era bom datilógrafo...
(risos) Você leu o livro do Marcinho (Márcio Borges, autor de Os Sonhos não Envelhecem), né? Eu escrevia a letra e botava uma música assim, por causa do balanço da letra, né? E a Gente Sonhando foi em 1963, uma coisa assim. Eu era muito amigo do Márcio Borges e a gente saía, todo dia, andando pelas ruas de Belo Horizonte, principalmente a Rua Rio de Janeiro, que dava um negócio na gente, aquelas árvores, as pessoas, as casas, que a gente não conseguia parar de pensar. Um dia cheguei no escritório e comecei a escrever um conto baseado na Rua Rio de Janeiro. Fiz a música também. Só que o conto desapareceu e ficou essa música que eu não gravei até o ano passado, com os meninos da minha terra, Três Pontas. Então, acho que a minha vida tem umas magias que me pegam de surpresa. Sou muito feliz com a música e com o que a música me traz.
Tem uma música que você fez imaginando outra que gostaria de ter feito e não fez.
Eu morava em Belo Horizonte. Liguei o rádio e de repente eu reconheci as vozes, que eram o Paul McCartney e o Stevie Wonder (a música era Ebony and Ivory). Fui ouvindo, chegando pra perto do piano... Foi uma coisa que o Paul McCartney escreveu, ligando as cores do teclado com as cores da vida. Então, como é que podia ser ébano e marfim numa música e na vida real ter o preconceito? Eu fiquei assim no piano, me deu uma vontade de dar um pontapé no piano, botar fogo no piano, botar fogo em mim... Fiquei danado. Tinha uma coisa que o Tunai mandou para mim, eu fiz a letra, mostrei pra ele, que é louco pelos Beatles, ficou maluco e eu também (a música é Certas Canções, gravado no disco Anima, de 1982).
Por falar em preconceito, você compôs a Missa dos Quilombos. O Brasil ainda tem trabalho escravo. Apesar de algum avanço que a gente teve, ainda tem essa face atrasada do país.
Tem muita coisa que precisa ainda consertar no Brasil. Que é esse negócio, né? Não é preconceito de branco com negro, tem índio... Tem sempre um negócio que não deixa o país ser aquilo que ele realmente é, que é um país aberto pras raças. Eu não conhecia o dom Pedro Casaldáliga, uma pessoa me deu um livro de presente, e nesse livro ele fala que sofreu muito (na ditadura) e uma coisa que segurou muito a vida dele foram as minhas músicas. Fiquei sabendo que ia ter uma missa em Goiânia e fui. Era a Missa da Terra sem Males, dos índios. Era uma coisa maravilhosa, uma loucura, parecia que estava saindo de dentro tudo o que eu ouvia. Fui lá cumprimentar, passou dom Hélder Câmara, que disse: “Por que vocês não fazem uma missa baseada nas coisas dos negros?” Que baixinho, hein? Eu tenho um problema com os baixinhos, que sempre me dão ideias fantásticas (risos). Aí a gente começou a escrever, eu, dom Pedro e o Pedro Tierra. Tivemos uma dificuldade, porque o Rui Barbosa mandou queimar todos os papéis que falavam da época dos negros no Brasil, então tivemos que botar gente pelo país inteiro (para pesquisar). Aí fizemos a missa, que foi uma loucura.
Nesse disco novo (E a Gente Sonhando), você juntou uma turma de Três Pontas. No disco Minas (1972), também juntou músicos que já conhecia. Você gosta desse processo coletivo?
É impressionante. Eu adoro trabalhar com mais pessoas. Não gosto de trabalhar sozinho. Tenho uma sorte, vou conhecendo as pessoas, e elas têm a ver com a gente. O Minas, por exemplo, foi uma ideia de um garoto de 12 anos que conhecia minhas músicas e perguntou por que eu não botava o nome do disco de Minas, o Mi do Milton e o Nas do Nascimento. É sempre assim, os baixinhos...
No seu site, tem uma frase intrigante do Chico Buarque: “O Bituca manda em mim”. Por quê?
Uai... A gente ficou amigo, começou a compor e não sei que mais e tal. Ele fica nervoso pra cantar num palco, e eu fazia os shows e dizia: “Chico, você vai, e tal”. Aí ele pegou uma hora e falou que eu mandava nele, que tudo que eu queria ele fazia. Achei bom, né?
Apesar de todo esse universo, dessa alegria que você falou, teve uma hora que você chegou a pensar em não cantar mais. Isso para você deve ser algo quase como não viver, não é?
Era não viver. Teve uma época que eu falei pra mim que eu só ia compor as coisas que eu estivesse vivendo e que eu acreditasse. Teve uma época que não estava legal. Então, se não tá legal, vou parar. Mas não falei para ninguém, porque tinha muita gente que falava que ia parar, fazia o show de despedida e não parava. Marquei o dia em que eu ia parar. Ia ter um show que eu fiz com dois corais de Minas (Rouxinóis e Curumins), a Jazz Sinfônica de São Paulo, mais a minha banda. Eu fui pro teatro pensando nisso. Esse show parecia mesmo que era a última coisa que eu ia fazer. Foi muito forte. Aí pediram vários bis, e eu resolvi cantar Travessia.
Estava todo mundo virado pro público. Quando eu comecei a cantar, um garoto dos Rouxinóis começou a olhar pra mim. Cantei a música inteira sem olhar pra ele, e na última palavra da música, que é “viver”, eu olhei pra ele. Porque naquele momento ele me fez parar totalmente de pensar nessa coisa. Fui pro camarim, as pessoas perguntando o que tinha acontecido comigo, que eu nunca tinha cantado daquele jeito, e pedi para um amigo trazer o menino. Devia ter 10 anos. Disse: “Você sabe o que você fez comigo hoje?” Ele disse: “Sei”. Mas com tanta certeza que eu fiquei olhando pra ele... Eu disse: “Olha, de hoje em diante a gente não pode ficar separado, não. Você faz parte da minha vida”. E ele: “Tudo o que eu queria na minha vida era que você fosse meu pai”. A partir daquele instante, a gente se deu muito bem. Os pais dele me receberam, a gente viajou pra vários lugares, fiz uma música chamada Rouxinol, que é pra ele. Hoje, ele mora aqui comigo, tá estudando aqui no Rio. O pai que ele queria ele teve. Loucura, por que aquele menino tinha de virar naquela hora? Salvou minha vida. Então, é meu filho, meu filho mesmo.
Por falar em menino, até hoje você tem ligação com o Benke...
O Benke já é outra história, de quando eu resolvi fazer o disco baseado nos índios. A gente andou, andou, andou, até que a pessoa que era responsável pela gente, um seringueiro, disse: “Vamos numa tribo que não é nenhuma que você conhece”. Andamos muitos dias. Começamos pelo Juruá, aí subimos outro rio pequeno, e quando a gente estava chegando na casa do cacique tinha um garoto num morro. Ele atravessou o rio de uma maneira que eu nunca vi alguém nadar daquele jeito. Nessa viagem, quando chegava a noite, o Macedo, que era o seringueiro, construía o “hotel do Macedo”: pau, madeira e redes. Eu estava olhando e de repente veio uma mão no meu ombro, até meio pesada. Era o garoto que tinha pulado no rio. Ele me ofereceu um coco. Era o começo da nossa amizade, que graças a Deus está aí até hoje. Era um menino fora de série, com seus 10 anos. Parecia um cara com muitos anos, que conhecia a história do Brasil inteiro, dos índios, e a gente não se largava mais. Até que teve uma noite, na véspera da gente voltar, e a gente fez um luau. Fui cantar e eu chamei o Benke para cantar uma música comigo.
Acontecem comigo umas coisas que nem sei de onde eu tiro. Comecei a cantar Casamiento de Negros, da Violeta Parra. Ele, que não conhecia, veio a música inteira cantando comigo, até o fim. Eu não queria ir embora, queria trazer o garoto. Quando a gente estava indo, o Macedo disse “txai”. Eu achei a palavra bonita. Esperei uns dois dias e perguntei o que queria dizer. Quer dizer: mais que irmão, mais que amigo, a metade de mim que habita em você e a metade de você que habita em mim. Aí botei o nome do disco, Txai (de 1990). Esse pessoal é tão cabeça, são realmente os verdadeiros poetas. Teve (anos depois) uma coisa com o Benke que eu até chorei. Lá no Jardim Botânico (no Rio), ele estava dando uma aula para crianças e, quando prestei bem atenção, pensei: meu Deus do céu, um garoto que eu conheci dando aula para crianças que tinham a mesma idade que ele tinha quando eu o conheci. Me deu um negócio, fui ficando com o coração tão feliz assim que tive de chorar. Ele, realmente, é um pajé. E está fazendo umas coisas na região para melhorar.
Há pouco tempo, você mandou uma mensagem para o Lula, desejando recuperação... Aquilo te sensibilizou?
Sensibilizou muito. Eu tenho uma coisa assim com o Lula, porque de acordo com as coisas que eu vi no filme que fizeram sobre ele, as nossas vidas correm em paralelo, apesar de eu não fazer parte da vida dele. Aí fui compreender, porque todo lugar em que a gente se encontrava ele sempre fazia questão que eu estivesse perto, me chamava, brincava com os músicos... Inclusive foi ele quem me apresentou para a Dilma, nesse show que você falou (do 1º de Maio). Segundo ela, e é verdade, quando era bem novinho a gente foi amigo. Ela começou a falar do Márcio Borges, de mim, das pessoas com quem ela andava, e uma das pessoas era eu. Aí fui lembrando.
Você vai fazer 70 anos...
Dizem...
Isso pesa para você de alguma forma, assusta?
Olha, uma coisa que eu penso é o seguinte: artista não tem idade. Músico, então, não tem mesmo. Eu não guardo aniversário de ninguém. Só o meu, porque todo mundo fica falando e eu acabo tendo de saber. Mas não acredito que eu tenha 69 anos. Não tenho (risos).
Então, em 2012 nada será como antes?
Nada. Inclusive... (mostra a camiseta, na qual se lê “The same as it never was before”). Foi sem querer, não fiz de propósito, não.
Fonte: Rede Brasil Atual
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