segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Entrevista com Mazé Favarão (Secretária de Educação de Osasco)

Secretária de Educação, a professora Mazé Favarão começou a militar na política ainda na época em que cursava o curso de Letras da USP, na década de 70. Entre as ações políticas, Mazé também participou de movimentos sindicais. Sua carreira como professora começou em 1974, quando começou a dar aulas. Nesta entrevista ao Diário da Região, a secretária de educação fala sobre os principais projetos da pasta e conta sobre a experiência de Osasco ser a única cidade no Brasil a ter participado, em Londres, de uma série de eventos ligados ao Programa Apreender, desenvolvido pela empresa Microsoft.

Conte um pouco da experiência de ter participado, em Londres, de eventos do Programa Aprender.

Osasco tem desenvolvido parcerias muito enriquecedoras em diferentes áreas da educação e uma delas é a parceria com o Planeta Educação, com o qual desenvolvemos o projeto Escolha vai pra Casa e Informática Educacional. A partir dessa parceria nós ficamos sabendo que a Microsoft, anualmente, seleciona escolas do mundo todo para participarem do processo de formação. Depois dessa formação a escola, através da sua gestora, é avaliada e, se preencher alguns critérios deles [Microsoft], ela se torna o que eles chamam de Escola Mentora com a tarefa de reproduzir para outras escolas o seu aprendizado, e esse aprendizado se dá na área da tecnologia educacional, mostrando o que é possível desenvolver através dos recursos tecnológicos, evidentemente por programas oferecidos pela Microsoft, mas não apenas, para que eleve o nível do aprendizado, de performance e desenvolvimento dos alunos. A partir desse conhecimento nós selecionamos algumas escolas, chamamos os gestores e estabelecemos as condições porque é necessário que exista uma adesão do corpo docente da escola, dos professores, funcionários e dos conselhos de gestão compartilhada.

E a escola escolhida foi a Emef Professor João Campestrini.

Isso. Escolhemos, principalmente, pela região que ela está inserida que é uma região com uma fragilidade social muito intensa. E ela é a única escola pública do mundo a ser selecionada e é a única do Brasil que está no projeto. Já houve dois momentos de formação presencial com a gestora e vários outros momentos de formação à distância.

E como esse projeto da Microsoft será inserido? Qual é a tarefa agora da escola?

A tarefa agora da escola é desenvolver alguns projetos que, estabelecendo um objetivo, demonstre que a utilização de tecnologias auxilia naquele processo de aprendizagem. Nós conversamos e já foram levantadas várias possibilidades, por exemplo, um rádio-jornal no recreio. Há recursos tecnológicos que permitem que, com um computador ou gravação no celular, você possa fazer pequenos programas. A utilização de lousa interativa também é um recurso para que a criança possa desenvolver a sua iniciativa e capacidade de pesquisa; também pode ser analisada a ocupação do espaço da escola, talvez com uma tecnologia social melhor, mas quem vai decidir sobre esses projetos é a escola. Enfim, a escola vai se propor em três projetos, registrar o desenvolvimento desses projetos e, ao final disso serão encaminhados os relatórios para a Microsoft. Sendo avaliado positivamente a escola vira mentora. Agora estamos na fase de aplicar a tecnologia em projetos dentro da escola. Mas isso é uma tarefa da escola. Já a Secretaria da Educação se coloca como suporte às ações do corpo docente que está elaborando, juntamente com o conselho de gestão compartilhada, com os funcionários, as propostas de projetos. Aí eles vão dizer do que precisam. Eles têm a verba e autonomia. O que essa verba puder atender ela vai atender, o que não puder atender a secretaria atende. Agora nós somos o suporte.

Existe um período para que os projetos sejam definidos e implantados?
Sim. E tem que ser rapidamente. Penso que essa semana, talvez mais uma ou duas semanas, eles consigam colocar no papel seus projetos e aí iniciam a implantação. Transformando-se em escola mentora a tarefa é disseminar e estimular as outras escolas em também avançarem em tecnologia educacional.

E como funciona essa lousa interativa?

É como se fosse uma tela de computador ampliada que permite várias janelas e você vai introduzindo o que busca na Internet. Vai introduzindo imagem, animação ou cor na sua aula. Agora não adianta ter lousa interativa se você não prepara a aula anteriormente. Tem que estar preparado, tem que ter seu roteiro de aula para poder utilizar a lousa.

Houve alguma preparação para utilizar essa lousa?

Ontem, por exemplo, todos os professores da escola Emef Professor João Campestrini se dispuseram a fazer uma formação de utilização dessa lousa interativa. A partir daí eles estão preparados para utilizá-la porque, às vezes, a escola dispõe de recursos que não são utilizados. Então o primeiro passo para qualquer inovação é você utilizar os recursos disponíveis, potencializá-los em seu limite e, quando ele se esgota, aí você busca outros.

Como a escolha dessa unidade pode alterar a rede de educação?

Todo esforço que a administração do prefeito Emidio [de Souza] está fazndo e dentro dela a Secretaria de Educação tem feito nos últimos sete anos é oferecer para a rede municipal as mesmas condições, os mesmos equipamentos. Tratá-los igualmente naquilo que é obrigação da secretaria. Isso permitiu que o que temos na escola central também temos nas escolas de periferias. No entanto a escola está inserida num ‘microcosmos’, na região, e se você consegue intervir também na região, a escolha melhora e, a escolha melhorando, melhora a região.

Existe algum projeto para garantir que esse projeto seja aplicado em outras escolas?

Não pode haver um projeto porque é um programa da Microsoft, mas é evidente que a educação, mais do que tudo tem um viés ideológico muito forte. Nós usamos a educação num viés ideológico do coletivo, do comum acordo, do trabalhador, enfim. E a administração tem que estimular uma ou outra adesão ideológica.

E nada garante a continuidade do projeto no ano que vem, por exemplo?

Eu espero que haja uma continuidade de todas as atividades, não só na educação, mas também na saúde, no esporte, no meio ambiente. Uma continuidade de governo. Espero que quem quer que seja [o próximo prefeito] tenha responsabilidade o suficiente para continuar as coisas boas.

Quais foram os principais projetos da secretaria nos três últimos anos?
Novos nós tivemos o Escola vai para Casa e Informática Educacional para a Emei. O que fizemos foi aperfeiçoar aqueles projetos que começaram antes. Quem vê hoje o Recreio nas Férias e quem o viu em 2005 percebe a melhora significativa que teve e a consistência que ele adquiriu. A Escolinha do Futuro também. E temos avançado muito no que oferecemos como formação para o professor.

A senhora participou de um fórum no último fim de semana.
Sim. Foi um fórum mundial temático que aconteceu em Porto Alegre cujo eixo era crise capitalista, justiça social e ambiental, e é claro que a educação não consegue ficar fora desse debate. Participamos de uma mesa sobre educação integral e de uma mesa sobre formação de jovens e adultos. Esse fórum acumulou reflexões e propostas para Rio+20 que vai acontecer no Rio de Janeiro.

E a senhora pretende ser candidata a vereadora?
Existe um movimento. Amigos e companheiros estão me estimulando a refletir sobre isso. Evidentemente tenho compromisso político com o meu partido (o PT) e tenho um compromisso com o prefeito Emidio, a quem eu devo ao lugar que eu ocupo, mas tenho a impressão que o resultado será uma candidatura à vereança. Já tive uma experiência como vereadora em 2004 e uma experiência rica e educativa na secretaria. Tenho bastante para colorar na cidade. A minha origem é na educação, mas a minha vida política me coloca em um patamar que posso contribuir para a cidade.

Fonte: Webdiário

Um comentário:

  1. Bastante enriquecedora a entrevista da Secretaria Municipal de Educação Mazé Favarão. Pois nela demostra sua experiência suas habilidades e competencias na aréa de politica pública, acreditando que esteja preparadíssima para exercer uma função em prol ao coletivo como vereadora.
    Parabéns prof. Mazé e Boa sorte e a cidade só tem a ganhar.
    Warley Viana
    Nucleo Inclusão no Bairro

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