quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

A história das lutas de Apolônio agora é do Arquivo Nacional


É de extrema importância para a história nacional e para a vida política do país a iniciativa colocada em prática hoje pela família do líder de esquerda Apolônio de Carvalho - em especial de sua viúva Renée - de doar todo o acervo do mestre, o que sobrou dos anos de perseguição e repressão, para o Arquivo Nacional.

Hoje , às 16h, tem início a cerimônia desta doação, no auditório do Arquivo, no Rio (Praça da República, 173). Cumpre-se assim mais uma homenagem ao centenário de nascimento de Apolônio, exemplo de coragem e luta, um herói para todos nós de três guerras - a Civil Espanhola, a Resistência francesa e o combate à ditadura no Brasil - em dois continentes.

Nascido em Corumbá, em 9 de fevereiro de 1912, Apolônio passou a maior parte de seus 93 anos em combate pela justiça social e pela liberdade dos povos. Jovem ainda apoiou a Aliança Nacional Libertadora (ANL) e após ser preso pelo governo Vargas, foi expulso do Exército. Aos 25 anos, se filiaria ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) .

Combateu fascistas e nazistas

"Herói de três pátrias", como bem definiu o escritor Jorge Amado, a luta de Apolônio atravessou fronteiras. Combateu os fascistas na Guerra Civil Espanhola e os nazistas na França, tornando-se um dos combatentes na Resistência à ocupação alemã. Nesta época conheceu a jovem comunista, Renée, com quem compartilharia lutas e a vida até o último dos seus dias. No Brasil, Apolônio resistiu e enfrentou duas ditaduras - a de Vargas (1937-45) e a dos militares (1964-1985).

Por aqui, viveu boa parte do tempo na clandestinidade. Deixou o PCB e em 1968, junto com Mário Alves, Jacob Gorender e outros e fundou o Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR). Preso e barbaramente torturado pela repressão, Apolônio partiu para Argel, no exílio, em 1970, quando da troca de presos políticos pelo embaixador alemão sequestrado Ehrenfried von Holleben

Só voltaria à sua pátria nove anos mais tarde, com a Anistia. Um ano depois, com muito idealismo, otimismo e força nos ajudou a fundar o PT, em fevereiro de 1980. Esteve na direção do PT até 1987, quando se afastou por orientação médica. Um grande abraço aos familiares de Apolônio, um agradecimento pelo gesto que tiveram e pela grandeza de cederem seu acervo agora ao Arquivo Histórico Nacional.

Fonte: Blog do Zé Dirceu

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