quinta-feira, 1 de março de 2012
Entrevista com Luciano Jurcovichi Costa (Secretário da Cultura de Osasco)
Natural de Osasco e formado em história pelo Universidade de São Paulo (USP), Luciano Jurcovichi Costa, o Luciano Lub, rege atualmente a Secretaria Municipal da Cultura, com a missão de aproximar o meio artístico do poder público e também os eventos artísticos dos osasquenses, levando manifestações culturais para as ruas e estimulando a produção municipal. Com o recente estabelecimento do Conselho Municipal de Cultura (ComCultura), o secretário acredita que essas missões ficarão menos árduas. Mas já em uma nova batalha pela frente: a criação de uma escola cinematográfica que trabalhe desde o processo de criação de cenários e figurinos até a edição e produção de imagem. Confira nessa entrevista mais detalhes desse projeto e também outras ações em andamento na Cultura de Osasco.
Como partiu o convite para você entrar na Secretaria da Cultura?
Eu vim para a Secretaria de Cultura há um ano, mas estou trabalhando no governo Emidio desde o primeiro dia. Recebi o convite do prefeito para assessorar o vereador João Gois, que na época era secretário de Serviços Municipais. Em 2008, quando ele saiu para concorrer à vereança, assumi a Secretaria de Serviços Municipais. Depois fui convidado a trabalhar como chefe de gabinete do prefeito. Voltei para a Secretaria de Serviços Municipais e, em 2011, fui convidado a assumir a Secretaria da Cultura, que é a área na qual de fato me sinto muito mais à vontade para trabalhar, por ser artista e por conhecer as agruras do meio artístico da cidade.
Quais foram as maiores dificuldades que encontrou ao assumir o cargo?
O governo Emidio sempre deu espaço para a ocupação das áreas públicas pela cultura, mas havia um espaço grande entre a comunidade artística e a Secretaria da Cultura. Então, talvez essa tenha sido a maior dificuldade que encontrei. Diante disso, nós iniciamos um processo de aproximação com todos os seguimentos e os movimentos da cidade.
Uma de suas bandeiras é, inclusive, a ocupação dos espaços públicos com atividades culturais. Por que isso é tão importante?
Isso é importante porque o público em geral está espalhado pela cidade. Porém, a impressão que nós temos é que o público de Osasco não está acostumado a frequentar os espaços de cultura, como o Teatro Municipal, o Grande Otelo, a Escola de Artes, o Centro de Eventos Pedro Bortolosso. Então, levar a cultura para a rua também é um caminho bastante viável, uma vez que o público já está nas vias públicas da cidade. Além disso, a nossa gestão defende com unhas e dentes o teatro de rua, a arte circense e tudo aquilo que é executado na via pública. Uma dessas ações é a ocupação do espaço embaixo do viaduto metálico, que é um dos principais cartões postais da cidade e que agrega ali pessoas da cidade como um todo.
A feirinha também estava sendo realizada no viaduto, mas foi interrompida. Ela vai voltar a acontecer?
A Feira de Artes se iniciou em 2005 e acontecia no estacionamento da Prefeitura de Osasco. Em 2011, resolvemos retomar essa feira, que estava suspensa há algum tempo, para o vão da ponte metálica. A experiência foi muito boa, porque tivemos artistas se apresentando, artesãos expondo seus trabalhos e o pessoal da economia solidária participando da praça de alimentação. Porém, percebemos que, aos domingos, quando ocorre a feira, aquela região fica distante do grande público. Então, estamos discutindo uma mudança de endereço. Nossa perspectiva é levá-la para o centro, uma vez que aos domingos o Calçadão é ocupado e nós temos muito próximo dali a Escola de Artes. Ela deve ser retomada agora, entre março e abril.
Mas o Viaduto Metálico vai continuar recebendo eventos artísticos?
Sim. Nós temos, às quartas-feiras, a Ponte do Circo. Além disso, outras atividades aconteceram por lá, como a Virada do Cinquentenário. E nós também teremos a retomada da Madrugada Cultural, que já acontece tradicionalmente naquele local.
Quais outros projetos estão em andamento na secretaria?
Um dos projetos que está dando muito certo é o Cine Debate, que acontece mensalmente e nós tivemos presenças importantes da área do cinema, como diretores, atores, cenógrafos, figurinistas. Porque nós exibimos o filme e depois fazemos uma discussão. O Carnaval Folia da Família aconteceu pelo segundo ano e é uma experiência de resgatar o carnaval de marchinhas e de bailes, levando isso para a periferia da cidade, mantendo o foco nas crianças e nas famílias. Além disso, o oferecemos um curso de elaboração e gestão de projetos para os artistas na Escola de Artes. E também estamos buscando uma melhor estruturação dos espaços artísticos da cidade, uma reestruturação do Teatro Municipal, uma reforma no Pedro Bortolosso e uma adequação das bibliotecas municipais.
O que leva a população a ter essa baixa participação aos espaços culturais de Osasco?
Os espetáculos com um apelo midiático maior, como stand up comedy e esses espetáculos que possuem artistas globais, tendem a trazer um público maior, não só da cidade, como de fora também. A Secretaria da Cultura promove diversas atividades gratuitas e nós identificamos uma ausência de público na maior parte delas. O que talvez leve a isso é que nós não construímos, historicamente, uma formação de público. Então, levar espetáculos para as escolas e para as vias públicas faz parte de um esforço para a formação de público. Outro problema diz respeito à divulgação. Osasco tem órgãos e veículos de comunicação que atendem a cidade, mas nós percebemos também que o consumidor busca informações nos grandes veículos e Osasco não tem um grande veículo como a Rede Globo ou uma grande emissora de rádio.
O senhor acredita que com a criação do Conselho Municipal Cultural (ComCultura) isso mudará?
Sem dúvida, porque ele passa a ser um órgão que atua em todas essas frentes, na formação de público, na discussão entre os agentes culturais da cidade em busca de soluções e na gestão da cultura na cidade. Então, acho que o Conselho atuará de uma forma muito firme, principalmente nessa parte da formação de público, até porque dos 18 membros, 8 são artistas eleitos pela comunidade artística da cidade.
Qual a importância da visita da Ministra da Cultura, Ana de Hollanda, à cidade, no último dia 25?
Foi uma alegria e uma honra muito grande. Primeiro, porque ela foi Secretária da Cultura aqui em Osasco, portanto, ela participou também dessa construção coletiva que resultou no ComCultura. O outro fator é que ela tem se mostrado muito atuante no sentido de tentar ajudar os municípios a se organizarem na questão da gestão da cultura. Inclusive, foi muito interessante quando a ministra relatou que, ao ser questionada sobre como organizar a gestão da cultura nas cidades, ela disse: mirem-se no exemplo de Osasco, falando sobre o Conselho Municipal. Então, a presença dela para nós foi uma grande alegria nesse sentido, pois ela veio referendar a constituição do conselho.
Isso também pode significar maiores investimentos federais para a cultura da cidade?
Não necessariamente, porque assim como todo o governo da presidenta Dilma, a ministra tem uma perspectiva republicana de gestão. Então, essa proximidade com a ela não significa que irá privilegiar ou priorizar Osasco, isso vai depender mais da nossa ação, da qualidade dos nossos projetos e da nossa relação com o ministério. Nós sabemos que ela tem um olhar muito atento com o que acontece no Brasil e existem cidades que possuem deficiências muito maiores que a de Osasco. É importante a atuação dela nessas frentes.
A ministra também afirmou que há interesse na construção de uma escola de cinema em Osasco. Vocês estão buscando parcerias para levar esse projeto a diante?
A constituição da escola de cinema é uma proposta que se originou do coletivo de cineclubistas, que deram origem a toda programação do Cine-Debate. Nós temos vários parceiros, entre eles o ex-secretário Roque Aparecido da Silva e a esposa dele, Maria Sena, que é cineasta. Temos conversado com o Mutirão Cultural na Quebrada, que é um coletivo de entidades que se organizam na zona Norte de Osasco e em toda a Grande São Paulo, e já conversamos com o Cine Galpão, que é uma experiência que ocorre na Lapa e que se mostrou muito interessada nesse projeto. Falamos também com o deputado João Paulo Cunha, que é um grande apoiador das questões culturais na cidade. O Sindicato dos Bancários também é um parceiro em potencial, até porque eles já possuem um histórico de apoio ao Cine Galpão. Então, tem muita gente envolvida nessa discussão e a perspectiva é que a gente consiga construir um projeto juntando todas essas pessoas e entidades interessadas. Ela vai trabalhar na iluminação, na cenografia, no figurino, na formação de atores, de câmeras.
Dentre a programação em comemoração ao Cinqüentenário está uma Virada Cultural. As atrações já foram confirmadas?
Nós estamos chamando de Viradona, pois temos a Madrugada Cultural, que já acontece há alguns anos. Ela tem uma perspectiva maior porque também será esportiva e sustentável. Teremos atividades acontecendo na cidade toda e também na região central, com shows durante toda a madrugada. Isso deve acontecer concomitantemente à Feira do Livro, no mês de junho.
Em outubro acontecem as eleições municipais. Você pretende ser candidato a vereador?
Por enquanto não. Eu atuo no governo Emidio como um militante do governo, do Partido dos Trabalhadores e da cidade. Tive a oportunidade de ser candidato em 2004 pelo PC do B, com o slogan Mais Cultura para Osasco. Mas neste momento não está na minha perspectiva nenhuma candidatura. Porém, entendo que é fundamental a representatividade do segmento na Câmara, uma vez que a Cultura é uma área diretamente ligada à vida em sociedade e fundamental para a construção da cidadania plena.
Fonte: Webdiário
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