quinta-feira, 4 de julho de 2013

Passe livre, em cotia



Em Cotia, nenhum estudante matriculado em escola pública, estadual ou municipal, que more a mais de 2 km da escola paga passagem. Aqui o passe livre vigora desde 1993. Mas isso não foi uma bondade da prefeitura ou das administrações desta cidade, foi uma conquista dos estudantes de Cotia e da militância do PT.

O ano era 1992, eu estudava na escola Antonieta de Lascio Oseki, no Jardim Claudio. O movimento estudantil estava bastante organizado e tínhamos uma militância da juventude do PT muito ativa. No ano seguinte, houve a orientação do PT para que eu fosse estudar na Escola Pedro Casemiro Leite.

A luta pelo passe livre acontecia em diversas cidades, além de Cotia, como Goiânia, Rio de Janeiro, São Bernardo do Campo, Osasco, Belo Horizonte e São Paulo. Destas cidades, a única que havia conquistado nas ruas pela organização política do PT, foi Cotia!

Aonde esta juventude chegava, impunha respeito!

Na periferia, as opções sempre foram poucas... Normalmente, tudo acontece mais cedo, os jovens engravidam mais cedo, casam-se cedo por que a vida não permite fazer planos de longo prazo. Por razões semelhantes, também na periferia se morre mais cedo, porque a violência anda na contramão das oportunidades, que até aparecem, mas aí falta estudo, falta preparo e a vida continua diminuindo as chances das juventudes.

O sonho do Passe Livre sempre foi ligado a uma questão da juventude estudantil que mora em centros urbanos! Talvez o maior motivador da desistência escolar é a falta de condições econômicas para que um estudante possa chegar à escola.

A evasão escolar tem uma relação muito direta com esta condição ou a falta dela. Muitos colegas de turma de minha época, e provavelmente hoje aconteça a mesma coisa, desistiam dos estudos porque não tinham dinheiro todos os dias pra pagar a passagem ou pagar os passes escolares! Lembro que a principal razão de minhas faltas na escola eram os dias chuvosos, quando não dava pra ir andando até à escola, a opção era ir de ônibus, mas não tinha dinheiro... Então, restava faltar! Perdia provas, trabalhos e isso incentivava a desistência!

O PT era organizado nas escolas com uma marca. Era um nome Grêmio Estudantil Nossa Luta, que tinha como mascote, a Graúna do Henfil, era esta marca que ligava os Grêmios ao PT.

Em 1992, o Brasil viveu uma situação fantástica de efervescência política da juventude. Alguns dizem que foi algo planejado pela Globo, mas assim como este momento que estamos vivendo agora, não era... A diferença é que em 1992, havia um processo organizado, ideológico e com direção clara...


Durante praticamente todas as semanas de 1991 e 1992, a juventude estudantil de Cotia foi para as ruas. Conseguimos que a Câmara aprovasse a lei em 1992! Em 1993 e 1994 a luta era para que a lei fosse cumprida e depois para garantir que o passe chegasse a todos os alunos! Tempos de luta, de alegrias e de vitórias... São tempos assim que nossa juventude busca!

Olhando para os dias de hoje, me sinto muito feliz... Faço parte desta história!

*Toninho Kalunga – Foi líder estudantil nos anos 90, Conselheiro Tutelar entre 1995 e 1998 e vereador por dois mandatos, entre 2005 e 2012 em Cotia.

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