quinta-feira, 4 de julho de 2013

O blogueiro que pautou a Folha

Rompendo o silêncio cúmplice da máfia midiática, a Folha desta quinta-feira (4) finalmente noticiou que o “Fisco multa Globo em R$ 274 milhões por direitos da Copa em 2002”. O jornal, porém, não teve a humildade de reconhecer que a denúncia bombástica foi feita pelo blogueiro Miguel do Rosário, do blog O Cafezinho, há vários dias. A Folha, que perde leitores e afunda na crise do seu modelo de negócios devido à explosão da internet e à perda da sua credibilidade, não podia confessar que foi pautada por um blogueiro. Aí também já era pedir demais ao jornalão da famiglia Frias!


Mesmo assim, vale reproduzir a matéria da Folha:

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Fisco multa Globo em R$ 274 mi por direitos da Copa de 2002

Para Receita, emissora disfarçou pagamento adquirindo empresa para se livrar de imposto

Imposto supostamente devido foi de R$ 183 mi; com correção monetária, valor chegou a R$ 615 mi

DE SÃO PAULO

A Receita Federal autuou a Rede Globo de Televisão por supostas irregularidades na compra dos direitos de transmissão da Copa de 2002. Os fiscais afirmam que a emissora usou uma empresa de fachada no exterior só para não recolher impostos no Brasil.

A Globo diz ter seguido a legislação, mas confirma ter pago a multa. A empresa não respondeu à Folha se fez o pagamento para obter descontos e, posteriormente, discutir a multa na Justiça ou se efetuou o pagamento, assumindo a infração.

A suposta manobra fiscal resultou em uma multa de R$ 274 milhões pelo não recolhimento de R$ 183 milhões em Imposto de Renda. Considerando a correção monetária até 2006, o total cobrado da Globo foi de R$ 615 milhões.

Segundo apurou a Folha, no sistema da Receita, o processo da Globo consta como "em trânsito". Isso significa que o pagamento pode ter ocorrido (à vista ou parcelado) e o cadastro da emissora não foi regularizado.

Ainda segundo apurou a reportagem, em 2002, a Globo declarou à Receita cerca de R$ 1,2 bilhão em investimento feito na compra de participação de uma empresa nas Ilhas Virgens Britânicas, um paraíso fiscal.

Como a legislação tributária isenta investimentos de impostos, a Globo não tinha de fazer recolhimentos.

O problema é que, para os fiscais, a empresa nas Ilhas Virgens Britânicas era de fachada e só foi usada para intermediar o pagamento dos direitos dos jogos da Copa.

Por isso, a compra de participação nessa companhia teria sido uma simulação só para escapar da tributação no país. Negócios desse tipo são frequentes e as empresas se defendem dizendo que não é crime fazer "planejamento tributário" --operações com amparo legal para redução de imposto a ser pago.

Consultada, a Receita disse que o processo corre sob sigilo e que está investigando o vazamento das informações divulgadas inicialmente por um blog na semana passada.

ANTECEDENTES

A compra dos direitos da Copa de 2002 e 2006 pela Globo foi tensa. A emissora assinou contrato, em 1998, com a empresa ISL, que quebrou meses após o pagamento da Globo de US$ 60 milhões.

Em 2001, as negociações foram retomadas com a alemã Kirch, sucessora da ISL que assumiu os US$ 60 milhões já pagos pela Globo que estavam sendo cobrados novamente. Com o acordo, a emissora aceitou pagar US$ 440 milhões pelas duas Copas.

Em 2002, com a alta do dólar, que se aproximou de R$ 4, a Globo quis renegociar por considerar o valor "impagável". Ameaçou romper o contrato e, no final, a exclusividade foi mantida.

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A Folha, que nunca ouve o “outro lado” quando criminaliza os movimentos sociais e as forças de esquerda, até reservou um espaço para as explicações da Rede Globo – que é sua sócia na edição do jornal Valor. “Por meio de sua assessoria, a Globo Comunicação e Participações, que controla a TV Globo, informou que não existe pendência tributária da empresa com a Receita referente à aquisição dos direitos de transmissão da Copa do Mundo de 2002”. O jornal até afirma que “enviou perguntas à emissora, pedindo esclarecimentos sobre o pagamento, a situação cadastral da empresa e a suposta irregularidade”. A TV Globo, porém, “não quis comentar”.

A tendência, como sempre, é que a Folha encerre o assunto nos próximos dias – quando diminuírem os protestos contra o império global. Os barões da mídia concorrem no mercado, mas mantêm uma unidade de aço na defesa dos seus interesses políticos de classe!

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