Por Marco Aurélio Rodrigues Freitas
Quem tem mais de 40 anos ou mais de 50, lembra bem dos vestibulares das décadas de 70 e 80, que mobilizavam famílias, escolas e toda uma geração em busca do sonhado diploma universitário. Era o grande momento de avaliação externa do Ensino Médio no Brasil.
Embora mobilizador, esse momento representava também o grande funil da educação brasileira, selecionando os melhores das melhores escolas para os cursos mais badalados e selecionando outros para o restante dos cursos. De 1964 a 1975, o vestibular paulista era dividido em Cescem, Cescea e Mapofei: o primeiro para biológicas, o segundo para humanas e o terceiro para exatas. Em 1976, a USP cria a FUVEST para unificar provas e estabelecer outro padrão de seleção, sem contudo, conseguir desmontar o cenário do funil.
O ENEM, que surgiu em 1998, como a primeira iniciativa governamental de avaliação externa da qualidade do sistema educacional do Ensino Médio, marcou o governo FHC. Transformado na boa idéia de um grande vestibular nacional, o ENEM atual ampliou exponencialmente o número de estudantes inscritos, na casa de 5 milhões em 2011, mas não conseguiu romper com a lógica perversa e excludente da educação brasileira. Pois continuamos presos inexoravelmente ao modelo do funil, que sobrevive há décadas entre nós.
Há dois méritos no atual ENEM: recuperou o clima de mobilização dos anos 70 e 80, agora em caráter nacional, mas com atraso de 30 anos; e vem liquidando a indústria de taxas de inscrição para vestibular cobradas por universidades pelo país afora.
Entretanto, mesmo com o avanço da unificação do vestibular no país, o ENEM ainda não consegue promover a inclusão que se espera dele e não produz melhorias importantes no Ensino Médio. Além disso, a simples aplicação de uma prova nacional não rompe com o círculo vicioso das nossas distâncias sociais entre regiões, acabando por privilegiar alunos de áreas mais ricas que disputam vagas com alunos de regiões mais pobres do Brasil.
Desta forma, para nós petistas, aperfeiçoar o ENEM para transformar de fato o cenário do Ensino Médio brasileiro é fundamental. Com um novo desenho, poderemos dividir o novo ENEM em duas etapas. Na primeira, que seria regional, os alunos seriam avaliados ao final do primeiro e segundo ano do Ensino Médio. Na segunda, que teria o mesmo perfil da atual, a prova seria nacional. A combinação dos três resultados, dois regionais e um nacional, daria ao contingente de alunos do Ensino Médio no Brasil, um resultado mais equilibrado e justo.
Assim, poderemos avaliar o processo de aprendizagem dos alunos nos três anos do Ensino Médio, diminuindo a intensidade do funil do vestibular, a possibilidade de fraudes e transformando o ENEM em um processo contínuo de avaliação e não numa mera prova nacional, que estimula o surgimento de rankings e “cursinhos” de como ir bem no ENEM.
*MARCO AURÉLIO RODRIGUES FREITAS é Historiador, Jornalista e Biomédico. Foi Secretário de Comunicação e Presidente do Diretório Municipal de Osasco. Secretário de Educação de Osasco entre 2005 e 2006. Hoje, professor de História do município de São Paulo e Coordenador pedagógico do Ensino Médio na rede estadual.
Embora mobilizador, esse momento representava também o grande funil da educação brasileira, selecionando os melhores das melhores escolas para os cursos mais badalados e selecionando outros para o restante dos cursos. De 1964 a 1975, o vestibular paulista era dividido em Cescem, Cescea e Mapofei: o primeiro para biológicas, o segundo para humanas e o terceiro para exatas. Em 1976, a USP cria a FUVEST para unificar provas e estabelecer outro padrão de seleção, sem contudo, conseguir desmontar o cenário do funil.
O ENEM, que surgiu em 1998, como a primeira iniciativa governamental de avaliação externa da qualidade do sistema educacional do Ensino Médio, marcou o governo FHC. Transformado na boa idéia de um grande vestibular nacional, o ENEM atual ampliou exponencialmente o número de estudantes inscritos, na casa de 5 milhões em 2011, mas não conseguiu romper com a lógica perversa e excludente da educação brasileira. Pois continuamos presos inexoravelmente ao modelo do funil, que sobrevive há décadas entre nós.
Há dois méritos no atual ENEM: recuperou o clima de mobilização dos anos 70 e 80, agora em caráter nacional, mas com atraso de 30 anos; e vem liquidando a indústria de taxas de inscrição para vestibular cobradas por universidades pelo país afora.
Entretanto, mesmo com o avanço da unificação do vestibular no país, o ENEM ainda não consegue promover a inclusão que se espera dele e não produz melhorias importantes no Ensino Médio. Além disso, a simples aplicação de uma prova nacional não rompe com o círculo vicioso das nossas distâncias sociais entre regiões, acabando por privilegiar alunos de áreas mais ricas que disputam vagas com alunos de regiões mais pobres do Brasil.
Desta forma, para nós petistas, aperfeiçoar o ENEM para transformar de fato o cenário do Ensino Médio brasileiro é fundamental. Com um novo desenho, poderemos dividir o novo ENEM em duas etapas. Na primeira, que seria regional, os alunos seriam avaliados ao final do primeiro e segundo ano do Ensino Médio. Na segunda, que teria o mesmo perfil da atual, a prova seria nacional. A combinação dos três resultados, dois regionais e um nacional, daria ao contingente de alunos do Ensino Médio no Brasil, um resultado mais equilibrado e justo.
Assim, poderemos avaliar o processo de aprendizagem dos alunos nos três anos do Ensino Médio, diminuindo a intensidade do funil do vestibular, a possibilidade de fraudes e transformando o ENEM em um processo contínuo de avaliação e não numa mera prova nacional, que estimula o surgimento de rankings e “cursinhos” de como ir bem no ENEM.
*MARCO AURÉLIO RODRIGUES FREITAS é Historiador, Jornalista e Biomédico. Foi Secretário de Comunicação e Presidente do Diretório Municipal de Osasco. Secretário de Educação de Osasco entre 2005 e 2006. Hoje, professor de História do município de São Paulo e Coordenador pedagógico do Ensino Médio na rede estadual.
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