terça-feira, 26 de outubro de 2010

Wagner Tiso recria para Dilma o famoso jingle de Lula



A campanha de Dilma Rousseff no segundo turno está sendo impulsionada por uma extraordinária mobilização da sociedade, como só ocorre nos grandes momentos da História.

Manifestações espontâneas de professores, estudantes, religiosos, trabalhadores, ambientalistas, artistas e intelectuais constituíram uma gigantesca corrente pela democracia e pelo avanço das políticas de inclusão social do governo Lula.

“Tem um clima pra cima no ar, que lembra a campanha de Lula em 1989”, disse o compositor e maestro Wagner Tiso, um dos organizadores do ato Cultura com Dilma, que reuniu mais de dois mil profissionais das artes e da cutura no Teatro Oi-Casagrande, no Rio, em 18 de outubro.

Embalado pela manifestação, Wagner Tiso entrou no estúdio de gravação para recriar um dos maiores sucessos da história das campanhas eleitorais: o jingle “Sem Medo de ser Feliz”.

O jingle foi criado originalmente para a campanha de Lula, em 1989, pelo compositor Hilton Acioli, dono de rica trajetória na MPB. Parceiro de Geraldo Vandré nos anos 60, Hilton Acioli popularizou o slogan Lula-lá, que está na memória de toda uma geração.

No segundo turno de 1989, o maestro Wagner Tiso gravou um novo arranjo para o jingle, com as vozes de Chico Buarque, Gilberto Gil e Djavan. O filme da gravação foi ao ar na Rede Povo, o programa de TV da campanha de Lula. Sucesso instantâneo, que hoje é um dos vídeos políticos mais vistos no Youtube.

Wagner Tiso ofereceu à campanha de Dilma de um novo arranjo de “Sem Medo de Ser Feliz”. É uma celebração da alegria e da energia positiva da campanha de Dilma, nessa reta final que vai nos levar a mais uma vitória da democracia, para continuar construindo um país melhor e mais justo.

Baixe os arquivos para iPhone, Ringtone (mp3) e Celular (.3gp).

Fonte:www.dilma13.com.br

No debate, Dilma perguntou e não teve respostas de Serra




Desde o primeiro debate entre os candidatos, Dilma Rousseff questiona o tucano José Serra, sobre a política de emprego. Mas ele nunca respondeu. Hoje, no debate da TV Record, por duas vezes Dilma perguntou, e o concorrente do PSDB não respondeu. A avaliação da petista e dos aliados é que Serra não tem propostas para o emprego, por isso foge. Até agora, foram nove debates e nenhuma resposta.

Em mais um debate em que deixou claras as diferenças entre o PT e o PSDB, Dilma apontou a falta de transparência de Serra ao lidar com aliados políticos como Paulo Vieira de Souza, o Paulo Preto, a inexistência de propostas dos tucanos para a região Nordeste e o despreparo de Serra ao falar de temas como emprego e segurança pública.

Ao final do debate, a candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando lamentou a atitude de soberba e desdém de Serra e disse que ficou sem várias respostas do tucano.

“Teve um pouco de soberba e desdém do candidato Serra. Eu tentei não deixar perguntas sem respostas. Mas eu tive que lutar muito para ter algumas perguntas minhas respondidas. A do emprego, por exemplo. Acho que ele não responde sobre a questão. Dizer que não é real a geração de quase 14 milhões de empregos é forçar os números, vou dizer assim para ser elegante”, argumentou.

Paulo Preto

Dilma disse que não trouxe a polêmica de ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, conhecido entre os tucanos como Paulo Preto, à tona, mas que o caso serve para mostrar a diferença de atitude do PT e do PSDB em relação malfeitos na administração pública.

“Um governo que ao perceber o malfeito investiga e pune. E outro que é encoberta. Nos governos sempre vai ter problema. Tem que se preparar e, em havendo, ver qual a medida que toma. É por aí que se distingue um governo e outro. É uma posição política. A diferença existe entre governo que investiga e pune [o do PT] e o governo que encobre, acoberta e disfarça [o do PSDB]”, comentou.

Para o deputado e coordenador da campanha de Dilma, José Eduardo Cardozo, Serra parecia um pouco distante da realidade brasileira. “O Serra foi deselegante em alguns momentos. Mas os eleitores vão observar qual o comportamento deve ter o futuro presidente da República no trato com as pessoas. Dilma foi segura e excepcional. Ele chegou até a falar em disco voador, acho que a cabeça dele estava em Marte”, ironizou o petista.

Emprego

O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, também comentou a falta de propostas de Serra para a geração de empregos. Ele lembrou que o tucano foi questionado em todos os debates sobre o tema e nunca ofereceu uma resposta.

"O nosso adversário está desde o primeiro debate fugindo da pergunta sobre emprego. Pelo menos dessa vez ele apresentou a capa anti-Lula que ele deixou guardada por muito tempo. Foi o debate que mais ajudou do ponto de vista programático para ver as diferenças. Se debateu aqui emprego qual a postura em relação reforma agrária, em relação aos movimentos sociais, à política de segurança e saúde”, disse.

Fonte: www.dilma13.com.br

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Politizar, polarizar e mobilizar


Por Valter Pomar





Dilma venceu o primeiro turno. Mas não venceu no primeiro turno. A grande mídia, o Demo-PSDB e seus aliados no PV comemoraram. Mas havia jeito de ser diferente?

Lula disputou três eleições antes de vencer, em 2002. No segundo turno. Candidato à reeleição, novamente teve que enfrentar um segundo turno. Como é que com Dilma poderia ser diferente?

Aliás, é curioso: quando iniciamos a campanha, Dilma foi alvo de críticas, ironia e descrença da parte de quem a “acusava” de nunca ter disputado uma eleição.

Quem compartilhava desta impressão negativa, certamente foi surpreendido pelo seu crescimento eleitoral, vendo-o como algo inesperado, capaz inclusive de gerar a proeza de uma vitória em primeiro turno.

E, paradoxalmente, aqueles mesmos enxergaram na ida para o segundo turno uma derrota, quando o surpreendente é exatamente o oposto: que apesar de ser estreante, Dilma quase tenha vencido já no primeiro turno, mostrando que ela era a pessoa certa, no lugar e hora adequados.

Infelizmente, parte importante dos apoiadores da candidatura Dilma acabou caindo no conto de que era possível vencer no primeiro turno. Isso se deve, em alguma medida, a um erro da coordenação de campanha, que embora dissesse o contrário, não adotou as vacinas necessárias, talvez porque no fundo acreditasse em Papai Noel.

A verdade é que em 2010, igual ocorreu em 2006, uma parte de nós evoluiu do pessimismo para um otimismo irresponsável, que dava como praticamente garantida a vitória no primeiro turno; e, pior ainda, em nome desta suposta vitória garantida, adotou uma postura defensiva e despolitizada que, ironicamente, nos levou não à vitória no primeiro turno, mas sim ao segundo turno.

Qual a necessidade de dizer isto, neste momento? Simples: não repetir o erro.

Para ganhar no segundo turno, é fundamental saber que podemos ser derrotados, que nosso lado comete muitos erros, que a oposição de direita é muito forte, que pode haver uma virada. Quem acha que é impossível perder, não está preparado para vencer.

Este foi, talvez, o principal erro que cometemos no primeiro turno: retranca excessiva, às vezes justificada pela possibilidade de uma vitória no primeiro turno, às vezes pela amplitude das alianças, às vezes pelas características da candidata. A retranca foi tanta que, pela primeira vez, não divulgamos oficialmente nosso programa de governo!!!

Esta postura defensiva teve como decorrência certa subestimação do debate político e da polarização, que acabou entrando na campanha pela porta dos fundos, seja por elogiáveis rompantes de algumas lideranças (por exemplo, algumas críticas de Lula contra certa imprensa), mas geralmente por iniciativa da própria direita.

Claro que a oposição de direita não tem interesse em fazer o debate político da maneira como nós gostaríamos. Isto foi interpretado por alguns, erroneamente, como se a direita estivesse “sem projeto”, “se perdendo” em acusações sobre terrorismo, Farc, tráfico, dossiês, radicais e aborto. Quando na verdade a direita estava operando a polarização e politização nas catacumbas, inclusive manipulando em seu proveito aquilo que gostamos de apontar como uma das provas de nosso êxito: o crescimento da classe média.

Aliás, é curioso: quando se pergunta de onde vem grande parte da animosidade contra o governo Lula, contra o PT e contra Dilma, a resposta é: de setores da classe média. Mas quando se pergunta qual é um dos grandes êxitos do governo Lula, a resposta é: o crescimento da classe média. Algo não bate nesta conta.

Deixemos de lado os equívocos conceituais e os exageros estatísticos na discussão sobre a tal classe média e nos limitemos ao seguinte: a elevação das condições materiais de vida de amplos setores da população brasileira, ocorrida nos últimos anos, não foi acompanhada de similar elevação cultural, ideológica e política. A diferença entre uma coisa e outra, numa aproximação grosseira, é a diferença entre a aprovação do governo Lula e a votação de Dilma, neste respectivo setor social.

Falando noutros termos: não basta e nunca bastou o lulismo. Se a simpatia em Lula não for politizada e organizada, em sindicatos, em partidos, noutra visão de mundo propagada por outros meios de comunicação, corremos o risco de assistir segmentos amplos das camadas populares, embora vivendo melhor, continuarem sendo manipulados pela mesma mídia, pela mesma direita e por igrejas conservadoras que se opuseram àquelas medidas que fizeram a vida melhorar.

Por analogia: não basta e nunca bastou a campanha eletrônica. Se não houver militância, corpo-a-corpo, trabalho de formiga cotidiana, seremos vítima dos instrumentos de que a direita dispõe, inclusive a pregação direta feita por religiosos conservadores de variados credos.

No segundo turno, Dilma vencerá se mantiver ao seu lado quem já votou nela; se recuperar quantia significativa de eleitores simpáticos a ela, mas que no primeiro turno escolheram Serra ou Marina; se conseguir parte dos votos de quem não optou por nenhum dos candidatos ou nem mesmo foi votar (este contingente é maior do que o total de eleitores de Serra).

Dilma conseguirá manter ou conquistar estes eleitores, se nossa campanha politizar, polarizar e mobilizar. Agindo assim, neutralizará o terrorismo religioso e a onda de calúnias, que ganharam espaço na exata medida em que nossa campanha deixou de explicitar o debate político de projetos.

Sobre isto, um detalhe: os “analistas políticos” da direita fazem questão de divulgar pesquisas “científicas” dizendo que foi o caso Erenice --e não o tema do aborto-- que levou a disputa ao segundo turno. A rigor, foi de tudo um pouco e haverá tempo para um debate mais científico a respeito. Mas a preocupação dos “analistas políticos” revela, talvez, que eles tenham percebido que o exagero na sordidez pode ser contraproducente, por fazê-los perder votos, mas principalmente por estimular a mobilização dos setores democráticos e progressistas contra a volta da TFP, Opus Dei e CCC.

Sobre o tema do aborto, aliás, a campanha deve sustentar tranquilamente o que foi inscrito no Tribunal Superior Eleitoral, a saber: Promover a saúde da mulher, os direitos sexuais e direitos reprodutivos. O Estado brasileiro reafirmará o direito das mulheres ao aborto nos casos já estabelecidos pela legislação vigente, dentro de um conceito de saúde pública. Como disse a candidata no debate da Band, entre prender e tratar, ela prefere tratar.

Olhando o conjunto da situação, não há como não recordar certo bordão: a burguesia nunca nos falta. E, como de outras vezes, está nos obrigando a politizar, polarizar e mobilizar a base política e social que apóia o governo Lula e a candidatura Dilma, em defesa do que fizemos, mas principalmente do que faremos.

Comparar os governos FHC e Lula e confrontar os dois projetos que estão em disputa: passada a confusão dos primeiros dias, esta vem sendo a linha de campanha no segundo turno, como ficou visível no debate da Band e no horário eleitoral gratuito.

Não se trata, portanto, de mudar de opinião sobre nada; do que precisamos, simplesmente, é colocar em pauta, no centro do debate, o que realmente interessa: o futuro do povo brasileiro.


Valter Pomar é secretário de relações internacionais do Partido dos Trabalhadores

Dilma aponta as falhas da gestão de Serra em SP








O debate da Rede TV/Folha de São Paulo foi marcado pelo confronto dos projetos do PT e do PSDB. Com firmeza, a candidata Dilma Rousseff impôs a realidade ao adversário tucano que tentou a todo custo fugir das comparações.

“Ele [Serra] não quer que eu compare com o governo dele em São Paulo nem com o do governo Fernando Henrique, que também é dele. Ele quer falar e fazer promessas sem que a gente compare”, observou Dilma.

Assista aqui aos trechos do debate na Rede TV! em que Dilma aponta os erros de gestão do governo de São Paulo.

Por diversas vezes durante o debate, o candidato José Serra tentou se livrar das críticas à má gestão tucana no estado dizendo que Dilma atacava os paulistas. A petista pediu por mais de uma vez que ele parasse de usar a “soberba”, evitando respostas e tentando colocá-la contra os paulistas

Na educação, por exemplo, Dilma citou a precariedade do ensino no estado de São Paulo, onde metade dos 218 mil professores não tem vínculo formal. “São aqueles que giram de escola para escola. Temos de dar plano de carreira, salários dignos, respeito e formação continuada aos professores, e não tratá-los com cassetete”, disse Dilma, se referindo à greve da categoria em março deste ano que terminou em confronto com a polícia.

Escolas técnicas

Dilma lembrou a ausência de investimentos no ensino técnico no governo de Fernando Henrique Cardoso. Já o presidente Lula, afirmou, vai encerrar seu governo com a construção de 214 escolas técnicas.

Segundo Dilma, no governo do PSDB, uma lei impôs aos municípios o custeio das escolas técnicas. Sem dinheiro para arcar com os altos custos da manutenção e sem apoio do governo federal, as prefeituras deixaram de lado o ensino profissionalizante.

“Nós mudamos a lei e passamos a investir, assegurando a formação e a qualificação profissional. O que vai melhorar a qualidade da mão de obra é escola profissionalizante espalhada pelo Brasil.”

Combate à corrupção

Enquanto Dilma manifestou sua indignação pelas denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, José Serra não esclareceu a acusação de que o ex-diretor de engenharia da Dersa (Desenvolvimento Rodoviário S/A) Paulo Vieira de Souza, conhecido por Paulo Preto, teria envolvimento com desvios de recursos destinados às obras do Rodoanel.

A denúncia contra o assessor subordinado a José Serra veio à tona com a Operação Castelo de Areia, da Polícia Federal. “Nós temos uma diferença. Nós investigamos. O candidato Serra esquece que o senhor Paulo Vieira de Souza está envolvido na Operação Castelo de Areia, que envolve as obras do rodoanel”, ressaltou Dilma.

Paulo Vieira de Souza também é acusado do desvio de R$ 4 milhões da campanha tucana, não contabilizados nas contas do PSDB.

Segurança Pública

A candidata também questionou o abandono da política de segurança pública de São Paulo, que não conseguiu acabar com a Cracolândia ou derrotar a facção criminosa chamada de PCC (Primeiro Comando da Capital).

“Meu compromisso é livrar São Paulo do PCC. Nós sabemos o que representou o abandono da política de segurança pública com o PCC dominando o tráfico a partir das prisões”, disse Dilma.

Ela alertou ainda que, como prefeito e governador de São Paulo, José Serra não resolveu o problema da Cracolândia, conhecido local no centro de São Paulo dominado por usuários de crack. “A população de São Paulo conhece a Cracolândia. Não há uma política antidroga efetiva. Sabe onde colocamos o nosso dinheiro? Nós elevamos o gasto com a Polícia Federal que combate droga no Brasil fazendo apreensões sistemáticas”, disse Dilma.

Para a candidata, as administrações do candidato Serra são marcadas por programas pilotos, que atendem pouquíssimas pessoas. “Pouco para poucos. Nós fazemos muito para muitos.”

Saúde

O governo de São Paulo, na gestão Serra, tampouco repassou recursos para o custeio do SAMU (Serviço de Atendimento Móvel) nos municípios do estado. Segundo ela, para a manutenção do serviço, o governo federal paga a metade dos custos, enquanto a outra metade deveria ser dividida entre governo estadual e prefeitura.

“O senhor se recusou a pagar o custeio, jogando para os municípios. Só aqui em São Paulo vocês não pagam e oneram os municípios”, cobrou a candidata.

Para Dilma, esta postura do ex-governador revela pretensão. ”A gente não pode ser pretensioso e achar que é dono do mundo. Nós temos uma parceria muito boa com o governo do Rio de Janeiro na Rede Cegonha, com maternidades de baixo e alto risco e clínicas da mulher, que oferecem acompanhamento integral às mães e aos bebês.”

Privatizações

Serra também foi cobrado pela tentativa de barrar a compra, pela Petrobras, da Gas Brasiliano, fornecedora de gás natural no interior de São Paulo, mas não deu explicações. Embora a estatal tenha oferecido o melhor preço, o governo paulista de José Serra recorreu ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contra a operação, o que poderia beneficiar uma empresa japonesa.

“O preço oferecido pela Petrobras era maior, mas preferem uma empresa estrangeira a Petrobras”, concluiu Dilma.

O candidato do PSDB tampouco respondeu se manteria as estatais Eletrobras, Chesf, Furnas, Eletrosul e Eletronorte fora do processo de privatização. Como ministro do Planejamento do governo de Fernando Henrique Cardoso, ele assinou o decreto que previa a venda dessas empresas.


Fonte: www.dilma13.com.br

Dia do Professor: em peso, categoria declara apoio em Dilma


Candidata lança Programa de Governo e recebe profissionais da educação e estudantes. “Respeito é diálogo, e não cassetete”, disse Dilma, em referência à política tucana no estado.

Fonte: www. Pt-sp.org.br
por Leandro Rodrigues


Nesta sexta-feira (15), em que se comemora o Dia dos Professores, a candidata à Presidência da República, Dilma Rousseff, apresentou em São Paulo os tópicos sobre Educação, Juventude, Ciência e Tecnologia de seu Programa de Governo. O apoio de filósofos, cientistas, intelectuais, estudantes e diversos profissionais da educação lotou o Palácio dos Trabalhadores. “No meu governo, assim como foi no do Lula, será tudo para todos”, disse Dilma ao se comprometer com a qualidade de ensino desde a creche. O ato também homenageou o educador Paulo Freire, na presença de sua viúva, Ana Maria Freire.

“O que importa num governo é saber para quem se governa. E nós governamos para 190 milhões de brasileiros”, afirmou a candidata, que reiterou a visão de ensino implantada no Governo Lula: “Nós acabamos como sucateamento da educação e com uma oposição falsa, que fragmentou o ensino no Brasil”.

Dilma garante que não há qualidade de ensino sem a devida valorização dos professores, com aumentos de salário, planos de carreira e abertura para o diálogo com a categoria. “Ninguém se motiva sem investimento. Tem que haver respeito e diálogo, e não cassetete. O diálogo é a prova de que a democracia está viva”, disse a candidata, em resposta às reclamações de diversos profissionais sobre o tratamento e a recepção do Governo Serra, em São Paulo. “Na política de valorização do salário mínimo, a CUT e a Força Sindical participaram conosco desse processo”, acrescentou.

O discurso de Dilma apresentou todos os tópicos de forma harmoniosa, mostrando a ligação direta entre eles para o desenvolvimento de todos. “O Brasil precisa de cientistas e tecnólogos, portanto, o investimento em formação de Ciência e Tecnologia deve ser pensado desde o ensino médio. Isso é parar de ver o jovem como o futuro do Brasil, pois o jovem é o presente”, disse a candidata seguida por gritos de ordem animados por diversos grupos de militância juvenil: “A juventude, já decidiu. Agora é Dilma presidente do Brasil!”, “Dilma, guerreira, da pátria brasileira!”, entre outros.


“Viva Paulo Freire!”

“Ele está lá no céu, olhando por nós e lavando você a ser a presidenta da República de um país”, disse Ana Maria Freire à Dilma Rousseff, numa emocionada fala em homenagem ao educador.

Ana Maria relatou que, no último dia 3, durante a votação do primeiro turno, chorou ao ver a foto da candidata na urna. “Quando vi a tua carinha lá comecei a chorar. Chorei porque é a primeira vez que eu estou votando numa presidenta, num país que alcançou a liberdade e a democracia tão sonhada”, disse a esposa de Paulo Freire, que lamentou a campanha de baixaras e boatos propagada pelos adversários: “Vimos ressurgir o ódio e o país se dividiu entre os de bem e os de mal. Então, se vamos dividir, nós somos o de bem, sim! [...] Serra serve à elite e desserve ao povo”.

A também educadora fez ainda uma reivindicação em respeito à memória e ao trabalho de Freire. “Pela primeira vez, desde os anos 80, livros de autoria do Paulo Freire não são exigidos em concursos públicos para professores de São Paulo. Serra tirou todos”.

Estiveram presentes no ato a filósofa Marilena Chauí, o neurocientista Miguel Nicolelis, diretores de entidades sindicais e estudantes, os senadores Aloizio Mercadante, Marta Suplicy e Eduardo Suplicy, o presidente estadual do PT, Edinho Silva, e diversos deputados estaduais e federais.

Veja quem são os novos senadores por estado

O PT poderá dobrar o número de cadeiras no Senado, hoje com oito representantes. Treze estados, por enquanto, vão confirmando a eleição de senadores petistas.

Por Cecília Figueiredo
Fonte:www.pt-sp.org.br


Na nova composição do Senado Federal, a partir da apuração que vai sendo finalizada no País e consolidando as bancadas, o Partido dos Trabalhadores poderá dobrar o número de cadeiras na Casa de Leis, hoje com oito representantes.

Treze estados, por enquanto, vão confirmando a eleição de senadores petistas (AC, BA, CE, MS, MT, PR, PE, PI, RJ, RN, RR, RS, SP)

São Paulo, pioneiramente, terá a representação de uma mulher, garantida pela votação de Marta Suplicy. Conquistaram a vaga pela primeira vez Lindberg Farias (RJ), Gleisi Hofman (PR), Valter Pinheiro (BA), José Pimentel (CE), Humberto Costa (PE), Wellington Dias (PI), Ângela Portela (RR) e Jorge Viana (AC).

O PT reelegeu também dois dos atuais senadores: Paulo Paim (RS) e Delcídio Amaral (MS).

Alguns estados ainda não concluíram a apuração, portanto, os números ainda podem ser alterados. Abaixo, confira todos os senadores eleitos, divulgada até 13h desta segunda-feira (4/10).



Acre
Jorge Vianna (PT) – 204.832 votos (31,75%)

Petecão (PMN) - 199.481 votos (30,93%)

Alagoas
Benedito de Lira (PP) – 904.345 votos (35,94%)
Renan (PMDB) – 840.809 votos (33,42%)

Amazonas
Eduardo Braga (PMDB) – 1.236.730 votos (42,07%)
Vanessa Grazziotin (PC do B) – 672.700 votos (22,88%)

Amapá
Randolfe (PSOL) – 203.259 votos (38,94%)
Gilvam Borges (PMDB) – 121.015 votos (23,19%)


Bahia
Walter Pinheiro (PT) - 3.630.944 votos (31%)

Lidice (PSB) - 3.385.300 votos (28,90%)

Ceará
Eunicio (PMDB) – 2.688.833 votos (36,32%)
Pimentel (PT) - 2.397.851 votos (32,39%)

Distrito Federal
Cristovam Buarque (PDT) - 833.480 votos (37,27%)
Rollemberg (PSB) - 738.575 votos (33,03%)

Espírito Santo – ES
Ricardo Ferraço (PMDB) - 1.557.409 votos (44,55%)
Magno Malta (PR) - 1.285.177 votos (36,76%)

Goiás
Demóstenes Torres (DEM) - 2.158.812 votos (44,09%)
Lúcia Vânia (PSDB) - 1.496.559 votos (30,56%)

Maranhão
Lobão (PMDB) - 1.702.085 votos (32,74%)
João Alberto (PMDB) - 1.546.298 votos (29,74%)

Mato Grosso – MT
Blairo Maggi (PR) - 1.073.039 votos (37,08%)
Pedro Taques (PDT) - 708.440 votos (24,48%)

Mato Grosso do Sul – MS
Delcídio (PT) - 826.848 votos (34,90%)

Moka (PMDB) - 544.933 votos (23%)

Minas Gerais
Aécio Neves (PSDB) - 7.565.377 votos (39,47%)
Itamar Franco (PPS) - 5.125.455 votos (26,74%)

Pará
Flexa Ribeiro (PSDB) – 1.817.480 votos (67,73%)
Marinor Brito (PSOL) – 727.583 votos (27,11%)

Paraná
Gleisi (PT) - 3.196.468 votos (29,50%)

Requião (PMDB) - 2.691.557 votos (24,84%)

Paraíba
Vitalzinho (PMDB) - 869.501 votos (35,37%)
Wilson Santiago (PMDB) - 820.653 votos (33,39%)

Pernambuco
Armando Monteiro (PTB) - 3.142.930 votos (39,87%)
Humberto Costa (PT) - 3.059.818 votos (38,82%)

Piauí
Wellington Dias (PT) - 997.513 votos (32,52%)

Ciro Nogueira (PP) - 695.875 votos (22,69%)

Rio de Janeiro
Lindberg Faria (PT) - 4.213.749 votos (28,65%)

Marcelo Crivella (PRB) - 3.332.886 votos (22,66%)

Rio Grande do Norte
Garibaldi Alves Filho (PMDB) - 1.042.272 votos (35,03%)
José Agripino (DEM) - 958.891 votos (32,23%)

Rio Grande do Sul
Paulo Paim (PT) - 3.895.822 votos (33,83%)

Ana Amélia Lemos (PP) - 3.401.241 votos (29,54%)

Rondônia
Valdir Raupp (PMDB) - 481.420 votos (34,29%)
Ivo Cassol (PP) - 454.087 votos (32,34%)

Roraima
Romero Jucá (PMDB) - 118.481 votos (27,91%)
Ângela Portela (PT) - 110.993 votos (26,15%)

Santa Catarina
Luiz Henrique da Silveira (PMDB) - 1.784.019 votos (28,44%)
Paulo Bauer (PSDB) - 1.588.403 votos (25,32%)

São Paulo
Aloysio Nunes (PSDB) – 11.189.168 votos (30,42%)
Marta Suplicy (PT) – 8.314.027 votos (22,61%)

Sergipe
Eduardo Amorim (PSC) - 625.959 votos (33,65%)
Valadares (PSB) - 476.549 votos (25,62%)

Tocantins
João Ribeiro (PR) - 375.090 votos (27,96%)
Marcelo Miranda (PMDB) - 340.931 votos (25,41%)


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Dilma e a fé cristã


Segundo o escritor Frei Betto, Dilma Rousseff, assim como Lula, "é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica". A seguir, leia a íntegra do artigo do frade dominicano publicado, no último domingo (10), pela Folha de S.Paulo

Por Frei Betto

Conheço Dilma Rousseff desde criança. Éramos vizinhos na rua Major Lopes, em Belo Horizonte. Ela e Thereza, minha irmã, foram amigas de adolescência. Anos depois, nos encontramos no presídio Tiradentes, em São Paulo. Ex-aluna de colégio religioso, dirigido por freiras de Sion, Dilma, no cárcere, participava de orações e comentários do Evangelho. Nada tinha de "marxista ateia".


Nossos torturadores, sim, praticavam o ateísmo militante ao profanar, com violência, os templos vivos de Deus: as vítimas levadas ao pau-de-arara, ao choque elétrico, ao afogamento e à morte.


Em 2003, deu-se meu terceiro encontro com Dilma, em Brasília, nos dois anos em que participei do governo Lula. De nossa amizade, posso assegurar que não passa de campanha difamatória -diria, terrorista- acusar Dilma Rousseff de "abortista" ou contrária aos princípios evangélicos.

Se um ou outro bispo critica Dilma, há que se lembrar que, por ser bispo, ninguém é dono da verdade.


Nem tem o direito de julgar o foro íntimo do próximo. Dilma, como Lula, é pessoa de fé cristã, formada na Igreja Católica.


Na linha do que recomenda Jesus, ela e Lula não saem por aí propalando, como fariseus, suas convicções religiosas. Preferem comprovar, por suas atitudes, que "a árvore se conhece pelos frutos", como acentua o Evangelho.

É na coerência de suas ações, na ética de procedimentos políticos e na dedicação ao povo brasileiro que políticos como Dilma e Lula testemunham a fé que abraçam.


Sobre Lula, desde as greves do ABC, espalharam horrores: se eleito, tomaria as mansões do Morumbi, em São Paulo; expropriaria fazendas e sítios produtivos; implantaria o socialismo por decreto...


Passados quase oito anos, o que vemos? Um Brasil mais justo, com menos miséria e mais distribuição de renda, sem criminalizar movimentos sociais ou privatizar o patrimônio público, respeitado internacionalmente.


Até o segundo turno, nichos da oposição ao governo Lula haverão de ecoar boataria e mentiras. Mas não podem alterar a essência de uma pessoa. Em tudo o que Dilma realizou, falou ou escreveu, jamais se encontrará uma única linha contrária ao conteúdo da fé cristã e aos princípios do Evangelho.


Certa vez indagaram a Jesus quem haveria de se salvar. Ele não respondeu que seriam aqueles que vivem batendo no peito e proclamando o nome de Deus. Nem os que vão à missa ou ao culto todos os domingos. Nem quem se julga dono da doutrina cristã e se arvora em juiz de seus semelhantes.


A resposta de Jesus surpreendeu: "Eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; estive enfermo e me visitastes; oprimido, e me libertastes..." (Mateus 25, 31-46). Jesus se colocou no lugar dos mais pobres e frisou que a salvação está ao alcance de quem, por amor, busca saciar a fome dos miseráveis, não se omite diante das opressões, procura assegurar a todos vida digna e feliz.

Isso o governo Lula tem feito, segundo a opinião de 77% da população brasileira, como demonstram as pesquisas. Com certeza, Dilma, se eleita presidente, prosseguirá na mesma direção.



Frei Betto, frade dominicano, é assessor de movimentos sociais e escritor, autor de "Um homem chamado Jesus" (Rocco), entre outros livros. Foi assessor especial da Presidência da República (2003-2004, governo Lula).





O Teatro Mágico cutuca o discurso ecocapitalista do SWU


Falar de sustentabilidade sem falar de reforma agrária e agricultura familiar é assistencialista, critica vocalista da banda


"Não se fala em sustentabilidade sem se falar em reforma agrária, sem se falar em agricultura familiar. Fica uma coisa meio... assistencialista", cutucou, à luz do dia, Fernando Anitelli, o líder do grupo paulista O Teatro Mágico. Por baixo dos trajes de palhaço circense, ele usava uma camisteta vermelha do Movimento dos Sem-Terra (MST), que deixou bem à mostra no final do show.

Diferentemente dos roqueiros norte-americanos do Rage Against the Machine, o MST é bandeira antiga e constante do grupo paulista (de Osasco) que se notabilizou por misturar no palco música e artes circenses - e por conquistar uma legião assombrosa de fãs apoiado em circuito exclusivamente independente. O SWU parecia concluir um ciclo na existência do grupo. "Com vocês... Vocês!", repetia Fernando, num bordão bem TM, dando finalmente tradução brasileira para o termo "Starts with U" que batiza este festival do capitalismo sustentável.

Apoiado em bordões que por vezes resvalam no clichê, o grupo enfrenta, desde sua criação no final de 2003, certa resistência (quando não desdém ou franca antipatia) por parte da mídia e da crítica musical mais comercial. Talvez isso se deva ao uso, por parte da trupe, de um conjunto de motes comumente considerados anacrônicos e ultrapassados naqueles mesmos circuitos. O TM transborda de signos circenses, ciganos, poéticos, indígenas, afrobrasileiros, de teatro de rua, de Commedia dell'Arte - a temida bandeira do MST se incluiria, certamente, na lista.

Para desconsolo de quem prefira ignorar a força do Teatro Mágico, tais símbolos se ajustaram surpreendentemente ao espírito pretendido pelo SWU. Quem olhasse ao redor enquanto soavam os violinos e sanfonas do TM veria por toda parte estilizações mais ou menos luxuosas de símbolos circenses/ciganos/mambembes/sem-terra/sem-teto: acampamentos (ainda que luxuosos), barracas, trailers, gruas e parafernália televisiva, tendas para shows e debates, assentos feitos de pneus usados, blocos de latas e papeis recolhidos por catadores, casas na árvore, telhados de folhas...

Na "vida real", a rica fazenda que sedia o festival talvez não aceitasse bem a proposta de reforma agrária e agricultura familiar levantada diante de um imenso descampado por Fernando Anitelli. Não há muito embate acontecendo por aqui, exceto por raras exceções - certa atmosfera de eco-assistencialismo selvagem talvez explique, por exemplo, as ameaças do "povão" hippie-de-butique de derrubar os gradeados da área dita "vip" dos palcos principais (onde, não à toa, se posiciona a mídia).

Em tempo: para incômodo de críticos liberais, ecocapitalistas & outros bichos-grilos do século XXI, O Teatro Mágico foi recebido de modo consagrador pelo público que os ciceroneou à luz do dia ("com vocês, vocês!"). Diante de tal reação (e do impacto que o TM causa por onde passa), talvez caibam duas perguntas. Por que essa trupe mambembe agrada tanto? Seriam mesmo anacrônicos e ultrapassados os malabaristas, os acrobatas, os cuspidores de fogo e os poetas populares do Teatro Mágico?

Fonte: www.ultimosegundo.ig.com.br

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Dilma ainda lá!


Por Juarez Guimarães*


Fonte: Carta Capital



Não se deve nem é preciso confiar nos números da primeira pesquisa do Datafolha no segundo turno para se concluir que o favoritismo de Dilma está sob disputa e que sua vitória depende do que a sua campanha e a de seu adversário fizerem.

É preciso, pois, adquirir e partilhar com os brasileiros e brasileiras a consciência da situação dramática deste segundo turno das eleições presidenciais. O que está longe de significar um desfecho necessariamente infeliz ou trágico.

Isto quer dizer simplesmente que todas as conquistas sociais e do trabalho, democráticas e de soberania nacional construídas nestes últimos oito anos estão em risco. Serra só pode vencer se a razão liberal conservadora, cobrindo um arco de interesses e vontades que vão até a intolerância mais brutal, de cores proto-fascistas, triunfar.

Sem esta consciência dramática não se pode vencer. Porque o gesto, a fala, a palavra e o sentimento estarão aquém do necessário, não terão suficiente força e capacidade de persuasão. É preciso, então, que esta consciência dramática se expresse através de uma lucidez apaixonada que faça um diagnóstico realista do desafio e proponha um caminho para vencer.

A disputa de narrativas – A melhor referência analítica destas eleições está no gráfico de curvas de tendências eleitorais, elaborado a partir de pontos médios de pesquisas publicadas ( CNT/Sensus, Vox Populi, Datafolha e Ibope), que vem sendo atualizado desde o início do ano e editado na revista CartaCapital. Elaborada pelo cientista político mais reconhecido na área e professor do Iuperj, Marcos Figueiredo, esse gráfico de curvas de tendências eleitorais apresenta duas grandes virtudes: dilui eventuais manipulações e imprecisões de pesquisas em médias do conjunto de pesquisas; permite acompanhar tendências de evolução, evitando avaliações impressionistas a cada momento.

De acordo com este gráfico de tendências eleitorais, a cena destas eleições pode se dividir em duas até agora: até os inícios de setembro e dos inícios de setembro até aqui. Em síntese, este gráfico nos diz o seguinte: até os inícios de setembro, Dilma Roussef vinha em um crescimento sustentado e amplamente majoritário, com Serra caindo para cerca de ¼ do eleitorado e Marina Silva sempre abaixo de 10 %; desde então, Dilma parou de crescer,estacionou durante um tempo, deu indicações de uma queda leve para, na véspera das eleições, perder alguns pontos que a levaram ao segundo turno; neste mesmo período, Serra deixou de cair e começou lentamente a subir até atingir quase um terço dos votos úteis e Marina começou a indicar tendências de crescimento, para, em seguida, disparar até 1/5 dos votos úteis nos dias finais do primeiro turno.

O que ocorreu? O que divide um período do outro? Por que houve uma inflexão no crescimento de Dilma e o contrário ocorreu com Serra e Marina?

Há uma explicação clara para este fenômeno. Até os inícios de setembro, predominou a narrativa da continuidade do governo Lula (“Continuar as mudanças”), que era expressa sobretudo pela transmissão da altíssima popularidade do governo Lula a Dilma, mas também pela queda de Serra e pelo caráter minoritário ou secundário da candidatura Marina. De lá para cá, veio sendo construída pela candidatura Serra, com apoio da mídia empresarial, a narrativa liberal-conservadora anti-petista e centrada em toda sorte de preconceitos e calúnias contra Dilma.

No primeiro período, que vai até inícios de setembro, a candidatura Serra estava politicamente desestabilizada: a linha do marketing político “O Brasil pode mais”, que alternava a crítica e a indiferenciação com o governo Lula, retirava votos de Serra até na sua cidadela paulista. Com caminho livre para sua ascensão, sem encontrar uma barragem de oposição, Dilma pode se alimentar do crescente conhecimento da população, ampliado pelo horário gratuito na TV, do apoio de Lula a ela.

Nos inícios de setembro, a linha dominante na campanha de Serra , então em crise aguda, mudou: ela passou claramente a adotar a estratégia proposta apor Fernando Henrique Cardoso desde o início do ano. Isto é, associar, de forma virulenta, o governo Lula, o PT e a candidatura Dilma a uma instrumentalização ilegítima do Estado, à corrupção, e às ameaças à liberdade e aos valores religiosos.

Os meios para se promover esta mudança de agenda foram a forte concentração temática diária da mídia (revistas, jornais diários e principalmente o Jornal Nacional) somado à campanha de Serra e mais uma verdadeira avalanche de calúnias na Internet. A dramatização das ameaças encarnados pelo PT e pela candidatura Dilma criou um diálogo de elevação da figura de Marina, em uma dinâmica aliada para gerar o segundo turno.

Durante todo o mês de setembro, o longo tempo disposto à candidatura Dilma praticamente ignorou esta mudança da agenda da disputa política. Seria ingênuo supor que uma candidatura recentemente apresentada já desfrutasse de uma opção de voto de todo cristalizado e definitivo. Se a denúncia do pseudo-uso inescrupuloso da Receita Federal não parece ter tido impacto imediato, ajudou a criar uma nova agenda para a campanha. Já a denúncia de lobbies dos filhos da ex-ministra Erenice certamente teve mais impacto, abrindo uma brecha que começaria a crescer. O que parece ter ocorrido é que a certeza na vitória no primeiro turno na direção da campanha de Dilma, cada vez mais em risco nas pesquisas internas mas alardeada com força por analistas, criou a insensibilidade para a mudança de agenda e clima de campanha que estava em curso.

A ascensão de Marina aos 20 % de voto útil certamente combinou fontes variadas de apoio. Mas o mais importante é compreender que ele só ocorreu em meio a este clima negativo e de suspeição em torno à candidatura Dilma.

Esta nova agenda de campanha não foi capaz de apagar a anterior, a da continuidade ou ruptura com a dinâmica de mudanças do país criada pelo governo Lula, pois Dilma manteve, apesar de tudo, um alto índice de votos no primeiro turno. Mas agiu no sentido de se impor a ela ou neutralizá-la. Se isto for realmente conseguido neste segundo turno, Serra pode vencer as eleições. Seria um erro de interpretação desvincular a “disputa de biografias” proposta por Serra desta nova agenda de campanha: pelo contrário, a sua “biografia” é apresentada, em contraponto inteiramente à de Dilma, como a de um “homem de bem”. Da mesma forma, Dilma não pode ser eficientemente defendida sem lutar pela agenda da disputa política: é a sua representação do projeto do governo Lula que pode levá-la à vitória. Nenhuma calúnia pode ser ignorada ou deixar de ser respondida mas a capacidade persuasiva da resposta depende da desmontagem da nova agenda de campanha que tem em Serra o seu epicentro.

Por isso, é preciso superar a falsa dicotomia que pode aparecer: ou centrar na “linha política” da campanha ou na “biografia da candidata”. Na verdade, as duas questões são dependentes e configuradas, pois quanto mais capacidade de retomar a linha de campanha, maior potência para construir ou reconstruir a Dilma presidenta do Brasil.

Vamos, então, exercitar as respostas às três questões:

- como retomar no centro das eleições a agenda da continuidade ou retrocesso?

- como obstaculizar o crescimento em curso da candidatura Serra?

- como retomar o crescimento da candidatura Dilma presidenta?

A retomada da agenda da campanha – A soma do acerto no programa de televisão mais a força política da coligação Dilma mais a heróica e voluntariosa militância e cidadania ativa, inclusive na rede virtual, tem capacidade para recentralizar a agenda da campanha e colocar Serra, de novo, na defensiva. Mas, para isto ocorrer, é preciso reconectar, combinar, fazer dialogar já mensagem na TV, a militância ativa e a força política da coalizão. A candidatura Serra chegou no início deste mês de outubro com a força plena de sua estratégia, continuada e expandida após a conquista do segundo turno.

A recentralização da agenda da campanha passa por quatro linhas constitutivas simultâneas. É preciso concentrar nela, repeti-la por todos os ângulos, torná-la o centro da narrativa e sintetizador de todo o discurso e ação, Implica em literalmente correr atrás do tempo perdido, criando uma dinâmica ofensiva crescente, que pode se manifestar de forma plena ao final do segundo turno.

A primeira linha visa despertar, reforçar e agudizar a consciência dos brasileiros, das classes populares e das classes médias, de que FHC e Serra são duas caras da mesma moeda, são criador e criatura, unha e carne de um mesmo projeto. FHC e Serra escreveram juntos o manifesto neoliberal de fundação do PSDB; Serra foi durante oito anos ministro de FHC e indicado por ele para sucedê-lo; hoje, FHC, escondido ou quase apagado do programa Serra, é de fato quem dirige politicamente a sua campanha. Serra eleito é a turno de FHC de volta ao governo do país.

A segunda linha objetiva despertar, reforçar, agudizar a consciência dos brasileiros, das classes populares e das classes médias, do que poderia ocorrer com volta de Serra/FHC ao governo do país. Não se trata apenas de fazer uma comparação de governos com base em números frios. Quando FHC terminou seu segundo mandato, ele tinha o repúdio ( avaliações de ruim e péssimo) de cerca de dois terços dos brasileiros. É preciso documentar, de modo dramático, com fotos e documentos o que foi o Brasil nos anos noventa para o povo e para as classes médias. O eleitor de Serra precisará, cada vez mais, esforço para defender o seu voto e a conquista de novos eleitores será cada vez mais difícil.

A terceira linha buscaria despertar, reforçar, agudizar a consciência do sentido democrático e republicano do governo Lula contraposto aos anos de apartação social e conservadorismo político dos anos FHC. É preciso superar a visada economicista, incorporando aos feitos do governo Lula, em cada área, os valores e princípios que orientaram a sua construção: democracia ativa dos cidadãos e maior pluralismo político; direitos para quem trabalha e novos direitos para os pobres; reconstrução das funções públicas do Estado, inclusive na área ecológica, e combate inédito à corrupção; novos direitos para negros e mulheres; retomada da soberania nacional e novo diálogo internacional, pela paz e contra a pobreza e pelo acordo de sustentabilidade internacional.

A quarta linha é retomar, com uma perspectiva histórica, o novo futuro do Brasil democrático e republicano que será aprofundado com Dilma presidente. Do princípio esperança para a imaginação plena de um Brasil democrático, justo, soberano e sustentável. É com a clarificação deste futuro, com suas metas para cada área, que o trabalho de reconstrução de imagem e programa de Serra pode ser mais desmascarado. É preciso iluminar a grandeza histórica do que encarna a candidatura Dilma: é o melhor caminho para reconstruir a sua imagem pública tão violentamente atacada.

Estas quatro linhas simultâneas de construção do discurso compõe juntas uma narrativa que deveria ser estruturadora dos programas de televisão, combinada com a defesa da imagem pública de Dilma.

Serra para baixo e Dilma presidente – A desconstrução de Serra e a (re) construção da imagem de Dilma são processos simultâneos e combinados.

De modo sereno, mas com a indignação necessária, o movimento de calúnias contra Dilma deve ser publicamente cobrado da campanha de direita de Serra e politicamente caracterizado como incompatível com a democracia. Não pode ser um “homem de bem” quem estimula e tira proveito das calúnias, dos preconceitos contra os pobres, do fanatismo religioso para vencer. Esta estratégia tem a sua origem nos republicanos de direita dos EUA que a usaram contra Obama que foi chamado até de amigo dos terroristas, ofendido por racistas e por pretensos mensageiros da palavra de Deus, fundamentalistas religiosos. Sem esta abordagem política ofensiva, a defesa de Dilma será confundida com um movimento apenas defensivo e até legitimador desta prática da direita.

Elas deveriam ser publicamente refutadas em quatro tipos:

- a que a acusa de ser “bandida”, assaltante de bancos, por isso vetada nos EUA. O que está em jogo aqui é o papel democrático heróico de uma geração contra a ditadura militar, fundamental para a conquista da democracia.

- a que a acusa de ser contra a vida, contra a fé e o respeito às religiões, debochando de Deus ou Cristo. O que está em jogo aqui é o sentimento generoso cristão do projeto de Dilma, o fundamento do seu amor ao próximo, o seu respeito ao valor dos sentimentos de transcendência dos brasileiros.

- a que a acusa de ser sem experiência, corrupta ou conivente com a corrupção: o que está em jogo aqui é o sentido público da vida de Dilma como gestora exemplar e o seu papel no governo que, como pode e deve se demonstrar, mais combateu a corrupção na história do Brasil.

- a que acusa de ser sem palavra ou falsa ou sem valores: o que está em jogo aqui é a coerência e integridade de toda a sua vida, da luta contra o regime militar à construção de um novo Brasil democrático no governo Lula.

Com a disputa pela narrativa de sentido, pela agenda política da polarização, tudo passa a convergir para um centro estruturado de valores, idéias e personagens e realizações, promessas de futuro ou ameaças de crise. É neste centro de disputa, capaz de dialogar com a nova consciência democrática e republicana, das classes populares e das classes médias brasileiras, que Serra será derrotado e Dilma será eleita presidenta do Brasil.


*Juarez Guimarães é professor de Ciência Política da UFMG e autor de “A esperança crítica”, Editora Scriptum, 2007.

Dilma: tucanos defendem privatização do pré-sal

A candidata à presidência Dilma Rousseff cobrou o adversário do PSDB, José Serra, sobre as declarações de seu assessor para a área energética, David Zylbersztajn, favoráveis à privatização do pré-sal, entregando sua exploração para as empresas internacionais.

Dilma lembrou ainda declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que Serra era o grande interessado na privatização da Petrobras. Mas Serra negou que pretenda privatizar a Petrobras, mas não mencionou o pré-sal.

“Eu considero que o pré-sal é uma riqueza do povo brasileiro para combater a pobreza e garantir educação de qualidade”, disse Dilma, no debate da TV Bandeirantes.

Dilma lembrou que o governo Lula capitalizou a Petrobras, numa operação que arrecadou US$ 70 bilhões e aumentou a participação acionária da União no capital da empresa. Já o governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diminuiu a participação da União na Petrobras e arrecadou apenas US$ 7 bilhões.

“Não dá para fugir com a história do trololó. Não é trololó. É uma afirmação grave. Ele não responde o que falou o Fernando Henrique Cardoso, que ele, Serra, é o grande interessado na privatização da Petrobras”, afirmou.

Banco do Brasil

Sem ouvir resposta do tucano sobre quantas empresas públicas ele vendeu para a iniciativa privada no governo FHC, Dilma lembrou que o governo de José Serra vendeu a Nossa Caixa para o Banco do Brasil, mas sua proposta era privatizar a instituição estadual.

“Ele queria vender [para bancos privados] e o governo federal comprou para não deixar que ele privatizasse. Isso mostra nossa diferença”, disse Dilma. Ela citou ainda o exemplo da Companhia Energética de São Paulo (Cesp), que o tucano queria antecipar o final do contrato para renovar a concessão, receber mais dinheiro e encarecer a tarifa.

“Nós financiamos empresas brasileiras com o dinheiro do BNDES. Vocês [tucanos] usavam o BNDES para financiar empresas estrangeiras no limite da irresponsabilidade, como diz o seu amigo Ricardo Sergio [que foi diretor do Banco do Brasil e se envolveu em escândalos das privatizações]”, retrucou Dilma.

Acompanhe aqui a cobertura diária da campanha de Dilma pelo Twitter.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Dilma foi a única a apresentar propostas concretas



01.10.2010

A candidata pela coligação Para o Brasil Seguir Mudando, Dilma Rousseff, participou do último debate entre os candidatos à presidência nessa noite, na TV Globo, e mais uma vez demonstrou que é a postulante mais preparada para suceder o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ela foi a única a apresentar propostas concretas para os problemas do país e a dizer como pode implantá-las - e não apenas fazer promessas irreais ou discursos vazios.




Dilma explicou, por exemplo, como fará para ampliar o número de moradias populares até 2014 com o programa Minha Casa, Minha Vida, que prevê a construção de 2 milhões de habitações em todo país. Foi a única a apresentar proposta clara em relação à segurança pública. E também apresentou soluçõs para reduzir a informalidade no mercado de trabalho no país, lembrando o recorde absoluto na criação de empregos no governo Lula.

“A Dilma foi disparada a melhor, a mais preparada a mais capacitada e que vai liderar o Brasil, pegar o bastão do presidente Lula e fazer o país continuar crescendo e distribuindo renda”, analisou o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, que concorre à reeleição no estado.

Vantagem nas pesquisas

Segundo ele, Dilma lidera as pesquisas de intenção de voto justamente por pautar sua campanha com propostas claras para o desenvolvimento do Brasil. Cabral disse ter orgulho de saber que ela tem ampla vantagem sobre os adversários no Rio de Janeiro.

“Ela está ganhando essa luta por centrar sua campanha em propostas e assumir os compromissos de continuidade do governo Lula, aperfeiçoando no campo do desenvolvimento, da infraestrutura e da distribuição de renda", afirmou Cabral. "Por isso, ela vai ganhar a eleição. E tenho muito orgulho que aqui no Rio o povo do Rio de Janeiro estar dando uma forte liderança para ela.”

Para o presidente do PT, José Eduardo Dutra, o debate foi excelente porque a candidata respondeu a todas as questões formuladas pelos adversários. “Foi excelente. Um debate de alto nível e a Dilma não deixou perguntas sem respostas. E agora é partir para os dois últimos dias ainda mobilizando a militância para tentar decidir a eleição no domingo”, convocou.

Um dos coordenadores da campanha de Dilma, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP) afirmou que o debate ficou centrado nas propostas dos candidatos e isso vai ajudar o eleitor indeciso a definir seu voto pela candidata da coligação Para o Brasil Seguir Mudando.

Debate de alto nível

Ao final do debate, Dilma concedeu uma breve entrevista coletiva e disse que gostou da oportunidade de debater em alto nível com os demais candidatos. “É contribuição para democracia que o Brasil tenha esse desempenho nas eleições. Somos uma das maiores democracias do mundo. Sem dúvida a maior democracia do mundo emergente", comentou.

Segundo ela, "nós podemos ter orgulho desse país estar sendo transformado com distribuição de renda, inclusão social e as pessoas subindo de vida na mais perfeita normalidade, sem atritos e sem nenhuma alteração na sólida democracia que ajudamos a construir nesses últimos anos”.

Herança de Lula

Questionada sobre o papel que Lula terá no seu eventual governo, a candidata voltou a dizer que além de aliada do presidente, ela é amiga pessoal dele. E isso torna a relação dos dois especial.
“Vai ser um governo que tem a mesma inspiração em relação ao projeto que vamos desenvolver. Eu tenho absoluto respeito pelo presidente Lula e, sobretudo, uma grande amizade. Trabalhamos juntos e enfrentamos muitos obstáculos e superamos desafios. Para mim é um orgulho ter conseguido o que conseguimos", finalizou.

"Ele [Lula] é um líder de primeira linha e qualquer presidente da República, não só do Brasil, gostaria muito de tê-lo como amigo como eu tenho. Sou objeto de uma certa inveja por aí”, disse, brincando.